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PCC jura assassinar os dois PMs que mataram Balengo

Policiais pediram transferência após tiroteio com líder da facção, mas não foram atendidos

Por José Dacauaziliquá e Josmar Jozino
Atualização:

O Primeiro Comando da Capital (PCC) jurou de morte os policiais militares que mataram Carlos Antonio da Silva, de 30 anos, o Balengo, um dos líderes da facção. Ele foi morto após assaltar um banco em Guarulhos, na Grande São Paulo, ser perseguido e trocar tiros com PMs no Tremembé, zona norte. Por causa das ameaças, PMs pediram transferência para o interior. Mas não foram atendidos pelo Comando de Policiamento da Capital (CPC). Com medo de morrer, os policiais militares mudaram seus hábitos. Casado e pai de três filhos, o sargento não vai mais para a casa. O trajeto na chegada e saída do trabalho foi alterado. No carro, anda com a pistola e dois carregadores prontos para usar em caso de necessidade. O soldado amigo dele tomou as mesmas precauções. E tirou a família de casa. Os PMs participaram da perseguição a Balengo e foram os primeiros a entrar na casa onde o criminoso se refugiou e fez uma família refém. No mesmo imóvel, o soldado Ailton Tadeu Lamas, de 44 anos, foi morto com tiro de fuzil por Elielton Aparecido da Silva, o outro assaltante. O soldado e o sargento ameaçados pelo PCC foram afastados temporariamente do patrulhamento de rua. Ambos foram incluídos no Programa de Acompanhamento Policial Militar (PAPM), conhecido antigamente como Proar, que atende PMs envolvidos em troca de tiros. A perseguição deixou uma vítima de bala perdida: Leandro Rodrigues morreu no hospital. Outras 12 pessoas ficaram feridas, entre elas, nove PMs. A primeira denúncia de ameaça chegou ao conhecimento da PM em 13 de novembro, seis dias após a morte de Balengo, graças à interceptação telefônica. Na ligação, interlocutores afirmavam que o PCC iria vingar a morte de seu ex-líder. Outra denúncia informava sobre um Omega prata. O carro seria usado num eventual ataque ao sargento. Policiais do serviço de inteligência da PM identificaram o veículo. O Omega está em nome do parente de um ex-soldado que trabalhava na região do 5º Batalhão da PM. Ele teria sido expulso da corporação pela acusação de assassinato. Depois disso, foi acusado de envolvimento em mais crimes. A Polícia Militar soube ainda de outras ameaças aos dois PMs durante os 28 dias em que eles permaneceram no PAPM. No final do curso, os policiais deveriam ser transferidos para as unidades escolhidas. Mas, segundo colegas de farda, o Comando Geral não aceitou o pedido por entender que não havia vaga. Ambos foram retirados do patrulhamento de rua há uma semana. A 5ª Seção do Estado-Maior da PM informou que o sargento e o soldado recebem apoio do departamento de vítimas ameaçadas de homicídios. O setor pertence à Corregedoria da PM. Em relação à transferência dos dois PMs, a 5ª Seção informou que o CPC ofereceu uma das 34 unidades da capital. Porém, o soldado e o sargento não aceitaram. Ainda de acordo com a 5ª Seção, o Comando Geral estuda outros locais para que os PMs possam trabalhar. Por razões de segurança, eles não foram revelados. SAÍDA TEMPORÁRIA Outra preocupação dos PMs ameaçados é com a saída temporária das prisões de cerca de 18 mil detentos do regime semi-aberto, autorizados pela Justiça a passar as festas de fim de ano em casa. Muitos deixam as cadeias com a missão de cometer crimes, inclusive matar PMs. No ano passado, receberam o benefício 17.968 detentos. Do total, 1.143 ou 6,36% não retornaram aos presídios.

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