Peça mostra influência de d. Pedro II na imigração libanesa

Há 135 anos, as primeiras pessoas do país asiático chegaram ao Brasil e iniciaram uma das maiores colônias fora do Oriente Médio

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Por Isabela Palhares
Atualização:

SÃO PAULO - Quando dom Pedro II visitou o Líbano, em 1876, presenteou o imperador do país com uma caixa encrustada de pedras preciosas, simbolizando a riqueza brasileira. Quatro anos depois, os primeiros imigrantes libaneses – dos milhares que viriam - começaram a chegar ao Brasil, vendo aqui uma alternativa à falta de perspectiva econômica de sua região que estava dominada pelo império turco-otomano.Estima-se que vivam no Brasil cerca de 7 milhões de descendentes libaneses- metade deles no Estado de São Paulo.

Neste ano, completa 135 anos do início dessa imigração e para marcar a comemoração a Associação Cultural Brasil-Líbano montou uma peça teatral em que conta a visita de dom Pedro II ao Líbano. “Ele foi um diplomata, um divulgador do Brasil e deixou claro para os libaneses que seriam bem-vindos por aqui”, contou Lody Brais, presidente da associação.

A libanesa Lody Brais, presidente da Associação Cultural Brasil-Líbano Foto: Tiago Queiroz/Estadão

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Não foi exatamente riqueza o que os libaneses encontraram quando chegaram ao Brasil, mas, sim, possibilidade de trabalho. Eles ocuparam um espaço deixado vago pelos imigrantes europeus, que dominavam a agricultura. Foi, assim, que os libaneses se estabeleceram como comerciantes, primeiro como mascates e depois como donos de lojas e armazéns.

“Diferentemente dos europeus, que chegaram ao Brasil por um incentivo do governo, os libaneses imigraram para cá de forma espontânea e tiveram que se virar. E o comércio deu um retorno rápido para eles”, contou Juliana Khouri, mestre em estudos árabes pela USP e neta de sírios e libaneses.

O primeiro núcleo de comércio libanês foi formado na rua 25 de março, depois na década de 1950, foi expandido para a região do Brás, disse Juliana. “Ocuparam comercialmente essas duas áreas, que no começo tinham terrenos mais baratos. Mas moravam principalmente no Paraíso e no Ipiranga.”

Religião. Além da perspectiva econômica, os primeiros libaneses que vieram para o Brasil eram em sua maioria cristãos que sofriam perseguição do império turco-otomano, liderado por muçulmanos.

Apesar da perseguição, eram chamados pelos brasileiros de “turcos” - porque, até a década de 1920, havia apenas um tipo de passaporte para todos os habitantes do Império Otomano, do qual o Líbano fazia parte. “Era muito ofensivo para os libaneses serem chamados de turcos, por isso, a maioria dos descendentes ainda hoje não gostam de ser confundidos”, disse Juliana.

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As diferenças religiosas estão sendo deixadas de lado agora, já que o Brasil está recebendo uma nova leva de imigrantes, vizinhos dos libaneses: os sírios. Clubes e associações sírio-libanesas estão se organizando para ajudar os refugiados recém-chegados. “Assim como o Líbano abriu suas portas para receber os sírios [recebeu mais de 1,1 milhão de refugiados nos últimos quatro anos], nós, libaneses aqui no Brasil, também nos solidarizamos e queremos ajuda-los”, disse Lordy.

SERVIÇO:

As Boas Vindas do Imperador – texto e direção de Samir Yazbek com a Cia Teatral ArnestoLocal: Teatro Sesi-FiespEndereço: Avenida Paulista, 1313, Jardim Paulista, São Paulo-SPData: 29/09/2015Horário: 20h30

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