Pedestres sofrem com as passarelas da cidade

Escuridão, buracos, falta de policiamento e trânsito de motos são alguns dos problemas verificados em passagens sobre vias e trilhos

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Por Camilla Haddad
Atualização:

Enquanto pelo menos duas pessoas morrem atropeladas a cada dia na cidade de São Paulo, as passarelas que poderiam assegurar a vida do pedestre são precárias e não dão conta do recado. Sobram buracos e lixo. Faltam iluminação e grades de proteção. Isso sem contar o trânsito de motos em alta velocidade e a ação de assaltantes, facilitada pela escuridão. Números da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) mostram que, no ano passado, 734 pessoas morreram atropeladas na cidade. Em 2005, foram 748. Apenas perto da passarela da Avenida Teotônio Vilela, altura do número 3.000, na zona sul, foram 28 mortos por atropelamento no ano passado. Segundo a Prefeitura, São Paulo possui 78 passarelas. O Jornal da Tarde visitou 20. Apenas 3 estavam em boas condições. Na zona sul, passageiros e funcionários do Aeroporto de Congonhas aguardam a reforma da passarela sobre a Avenida Washington Luís. Em 2005, a Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) assinou protocolo com a Prefeitura, no qual se propôs a buscar parceiros para pagar parte da obra. Mas até hoje a passagem continua com ferrugem e rachaduras. No centro, o piso da passarela do Terminal Bandeira é tomado por CDs, roupas usadas e DVDs oferecidos por camelôs. "Nunca vi tanta bagunça. Dá vontade de atravessar no meio da 9 de Julho", diz a doméstica Elenira de Souza, 28 anos. Na zona leste, onde os equipamentos são construídos sobre trilhos da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), a situação é precária. Na passarela conhecida como Lapena, sobre a Avenida São Miguel, moradores chegaram a destruir parte da estrutura, no começo do ano, como protesto para que fosse transferida do local. A passagem foi reformada e continua no mesmo lugar. A dona de casa Palmira da Silveira, de 68 anos, perdeu a conta de quantas pessoas já foram assaltadas ali. "Tem muito maloqueiro de noite. Dá medo de passar." A vizinha, Sônia Regina Martins, de 48, conta que o mau cheiro é forte. "Não tem como atravessar. É nojento. Por isso, as pessoas abrem buracos nos muros da CPTM para passar." Só entre janeiro e maio, segundo a CET, 14 pessoas morreram e 25 se feriram por atravessar fora da faixa de pedestres. Em 2006, foram 45 mortes.

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