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Pediatra acusado de pedofilia admite que aparece em fitas

Por Agencia Estado
Atualização:

O pediatra e terapeuta Eugenio Chipkevitch, de 47 anos, acusado de molestar pacientes menores de idade, admitiu aos policiais do 51º Distrito, do Butantã, zona oeste de São Paulo, ser ele quem aparece nas cenas de abuso sexual gravadas em seu consultório. A polícia e o Ministério Público Estadual (MPE) acreditam que já está configurado o crime de atentado violento ao pudor, pelo qual indiciaram Chipkevitch em inquérito. O pediatra pode ser responsabilizado também por estupro e corrupção de menores. Ele disse à polícia não saber por que molestou os adolescentes. A polícia recebeu 15 das 37 fitas gravadas no consultório. Blat afirmou que a qualidade do material sugere até que ele seria ou foi vendido. O promotor disse que não está descartada a possibilidade de o médico participar de uma rede internacional de pedofilia. Tudo indica que as cenas foram gravadas numa das salas do consultório, e a câmera não ficava escondida. "Precisamos entender por que ele gravava tudo e saber se existe alguma ligação com possível rede de pedofilia", disse Blat. Com prisão temporária decretada por 30 dias, o médico ainda não foi interrogado pela polícia, o que deve ocorrer na próxima semana. A Vigilância Sanitária encontrou nesta sexta-feira, no lixo do consultório de Chipkevitch, 17 frascos vazios do medicamento Dormonid. O remédio atua como pré-anestésico, fazendo a pessoa perder o controle dos movimentos e ficar em estado quase letárgico. Nas fitas, o terapeuta aparece aplicando nos garotos o que parecem ser injeções de sedativos. A Vigilância apurou que a clínica está em situação irregular, sem licença de funcionamento e sem responsável técnico. O órgão interditou o consultório parcialmente. A polícia também esteve na clínica, onde apreendeu material de informática, disquetes, um notebook, fichário e documentos. As fichas encontradas revelam que o médico atendia entre 100 e 150 pessoas por mês e cobrava de R$ 240,00 a R$ 300,00 por consulta. No fim da tarde desta sexta-feira, Guerreiro ouviu a secretária de Chipkevitch, Regina Soares. Segundo o delegado, Regina disse que trabalha há 18 anos com Chipkevitch e nunca percebeu nada de estranho em seu comportamento. Tanto que levou os dois filhos para serem atendidos pelo médico. "Ela também está chocada", disse o delegado. A polícia está tentando ouvir os adolescentes que iam ao consultório e seus pais. O delegado disse nesta sexta que estava encontrando dificuldades para marcar os depoimentos porque muitos pais - temendo a exposição deles mesmos e dos filhos -, podem recusar o convite para serem ouvidos. "No crime de estupro, é preciso representar à autoridade para a abertura de inquérito, e esperamos que isso ocorra com a presença dos pais ou representantes." O médico permanece no 13º DP, na Casa Verde. Ele disse aos policiais ter vivido com uma mulher nos últimos anos. O casal não podia ter filhos e adotou uma criança que está hoje com 10 anos. "Pelo que ele explicou, a mãe ganhou a guarda, mas a criança estava vivendo com ele", afirmou o delegado. Na última quarta-feira, a criança voltou para a casa da mãe.

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