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Penitenciária de Catanduvas está pronta para receber presos perigosos

O governo de São Paulo selecionou um grupo de 40 bandidos mais perigosos, entre os quais Marcos Camacho, o Marcola, considerado o principal líder da facção

Por Agencia Estado
Atualização:

Inaugurada há três semanas e com todos os seus equipamentos de segurança testados, a Penitenciária Federal de Catanduvas está pronta para receber os líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC), segundo informou o Ministério da Justiça. O governo de São Paulo selecionou um grupo de 40 bandidos mais perigosos, entre os quais Marcos Camacho, o Marcola, considerado o principal líder da facção. Mas a transferência ainda depende de aprovação do Juizado de Execuções Penais e será feita em absoluto sigilo, por razões de segurança. Setores da inteligência dos governos federal e de São Paulo levantaram a possibilidade de resistência à transferência, com risco de ataques armados aos policiais envolvidos na operação. O retorno das hostilidades, com atentados a agentes penitenciários e policiais, desde o final de junho, seria uma reação à medida, que pode ser colocada pelo PCC na pauta das próximas negociações. Marcola é um dos que mais resistem à transferência. A 1ª Vara Criminal Federal de Curitiba ainda não recebeu nenhum pedido de autorização para transferência de presos para a penitenciária federal de Catanduvas, a cerca de 430 quilômetros de Curitiba, no oeste do Paraná, segundo informou a assessoria de imprensa da Justiça Federal no Estado, nesta segunda-feira, 10. O Presídio Com 200 celas individuais de segurança máxima, Catanduvas inaugura um novo conceito de presídio no Brasil. É a primeira das cinco unidades do Sistema Penitenciário Federal, que vai funcionar como uma espécie de estoque regulador da saturada estrutura carcerária dos estados. As demais estão sendo implantadas em outros estados, de modo a cobrir as cinco regiões. Verdadeiras fortalezas à prova de fuga, as penitenciárias federais têm uma rotina diferente dos presídios estaduais, comparados a masmorras medievais inseguras, dominadas pela corrupção e o desrespeito aos direitos humanos e das quais os detentos fogem com facilidade. A convivência entre os condenados será mínima. Só será permitido o banho de sol coletivo e em pequenos grupos, assim mesmo monitorados por câmeras e agentes. Para o detento em regime de isolamento, a regra será ainda mais rígida: ele tomará banho de sol sem sair da cela, que tem solário próprio. Ou seja, no novo lar, o confinamento de Marcola será total. Para prevenir o grave problema da corrupção, policiais e agentes penitenciários terão proibidas as conversas com presos, exceto em casos de extrema necessidade. Eles usarão microfone de lapela, para que possam ser ouvidos e monitorados o tempo todo pelos superiores. A penitenciária federal de Catanduvas é protegida por quatro cercas de arame e um fosso de dois metros de largura. Telas e cabos de aço recobrem as áreas expostas ao ar livre, impedindo pouso de helicóptero. Sob o piso do pavilhão central, uma densa camada de pedra compacta impedirá escavação de túneis. A transferência de líderes de facções criminosas que atuam nas prisões faz parte do plano acertado entre o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos e o governador Cláudio Lembo, para pôr fim à escalada da violência no Estado. O plano incluiria também, bloqueio eficiente de celulares nos presídios, revista obrigatória de advogados, restrições a visitas, sobretudo íntimas, e mudanças na rotina do sistema, de modo a impedir a convivência intensa e formação de grupos. Ontem, o Diário Oficial da União publicou portaria permitindo o porte de arma para agentes penitenciários de todo País, mesmo fora do expediente de trabalho. Eles terão, antes de realizar treinamento e fazer exames de aptidão técnica e psicológica para uso de armas. Vítimas de perseguição das facções, os agentes terão, assim, meios para melhorar a defesa pessoal. Para andar armado fora do trabalho, o agente deve portar o registro da arma e a carteira funcional com o número do porte inserido. O artigo 2º da portaria determina que o uso da arma em público deve ser discreto, para evitar pânico e constrangimento a terceiros. (Colaborou: Evandro Fadel)

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