Perto do centro, imóvel pequeno valoriza 20%

Mercado começa a investir em apartamentos de 48 a 80 m², que custam de R$ 200 mil a R$ 300 mil

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Por Bruno Paes Manso e Valéria França
Atualização:

Há quatro anos, o mercado imobiliário investiu em lançamentos de alto padrão. Depois vieram os condomínios-clubes, com terrenos grandes, que abrigam centenas de apartamentos e oferecem grande estrutura de lazer. "Mas extensas áreas livres estão se esgotando no centro expandido de São Paulo. Hoje esse tipo de construção se concentra cada vez mais em bairros afastados", diz Gonzalo Fernandez, vice-presidente da Fernandez Mera Negócios Imobiliários. "São Paulo caminha para virar uma cidade como Nova York, com um centro cheio de imóveis pequenos, desenhados para jovens solteiros." A Fernandez Mera recebe semanalmente 2 mil chamados de clientes interessados em comprar um apartamento. A partir desses atendimentos, a empresa realiza estatísticas que determinam o tipo do pretenso comprador. "Ele é solteiro e tem no máximo 40 anos", diz Mera. Desses, 42% ganham até R$ 5 mil, e 37,6%, de R$ 5 mil a R$ 10 mil. Trata-se de um público que, com a abertura dos financiamentos da casa própria, amadurece a idéia da compra do primeiro apartamento. E o mercado prepara-se para atendê-lo. São imóveis menores, de até dois dormitórios, mas construídos com qualidade de alto padrão e com preços de R$ 200 mil a R$ 300 mil. "Estamos orientando os construtores a seguirem por aí, pois existe uma carência desse tipo de moradia no centro", diz Mera. O imóvel pequeno valorizou 20% nos últimos dois anos, mas o mercado não estava seguro de que o paulistano que ganha até R$ 10 mil estaria disposto a comprar um imóvel onde o metro quadrado custasse R$ 4,5 mil. A Cyrela lançou, há três meses, um empreendimento parecido em Perdizes, com apenas uma torre de apartamentos, num terreno de 2 mil metros quadrados. A construtora já vendeu quase todas as unidades. Até mesmo quem tem tradição em grandes empreendimentos de alto padrão começou a flertar com esse mercado mais econômico. É o caso da JHSF, responsável pelo projeto do Shopping Cidade Jardim, que, em maio, incorporou uma empresa especializada em segmento de baixa renda, adicionando em seu leque de opções unidades de R$ 70 mil e R$ 80 mil nas capitais nordestinas. "Como houve uma melhoria de renda, há quem agora tenha possibilidade de sair do aluguel", diz Eduardo Câmara, vice-presidente executivo da empresa. "Os espaços internos dos apartamentos ficam cada vez mais enxutos, mesmo nos bairros nobres de São Paulo, como os Jardins", afirma Fernanda Marques, arquiteta de interiores. "Tanto que, entre os espaços comuns dos condomínios, além da cozinha gourmet, surgem ambientes como sala de estudo. Os apartamentos são tão pequenos que, quando a criança traz os amigos para estudar em casa, falta espaço." Os congestionamentos e as grandes distâncias estão fazendo muitas famílias que moravam em apartamentos maiores, porém em bairros mais afastados, trocarem espaço por localização mais privilegiada.

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