Perueiros ameaçam tumultuar GP de Fórmula 1

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Por Agencia Estado
Atualização:

Os perueiros ameaçam fechar as entradas do Autódromo de Interlagos, na zona sul, dia 1.º de abril, quando será realizado o Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1 se a Prefeitura não atender as reivindicações definidas hoje, em assembléia. Eles querem circular nos próximos 180 dias nas mesmas linhas em que já operam, autorização para trafegar nos dias de rodízio, faixa de identificação em todos os veículos, liberdade para trocar os carros já identificados e conclusão do edital do novo processo de licitação em 60 dias. Amanhã à tarde, uma comissão de perueiros vai se reunir com o secretário municipal dos Transportes, Carlos Zarattini, para apresentar a pauta de reivindicações. "Se não houver acordo, vamos levar faixas para a porta do autódromo para mostrar a nossa situação", disse um dos líderes dos perueiros, Francisco de Mola Neto, conhecido como China. Hoje de manhã, 1.180 perueiros foram para a Praça Charles Miller, no Pacaembu, para discurtir a anulação do processo de legalização de 4.042 lotações. Às 10h30, o estacionamento já estava lotado de vans deslocadas de todas as regiões da cidade. Eles responderam a um questionário, dizendo se aceitariam trabalhar para as empresas de ônibus. No edital que será preparado pela Secretaria Municipal dos Transportes para a nova licitação, haverá a possibilidade de o sistema de lotação funcionar de forma complementar aos ônibus. O resultado do questionário, assinado pelos perueiros, também será entregue a Zarattini. China acredita que a decisão da prefeita Marta Suplicy (PT) de anular o processo de legalização é uma questão política. "Ninguém explicou direito porque a licitação foi anulada", disse. A Procuradoria-Geral do Município sugeriu que o processo fosse anulado depois de ter analisado por 30 dias o relatório de técnicos da São Paulo Transporte (SPTrans) que apontava irregularidades na licitação. Há suspeitas de que donos de lotações ligados ao ex-prefeito Celso Pitta tenham sido favorecidos durante a licitação feita na gestão anterior. Para os perueiros, que têm mais 180 dias para trabalhar, as dúvidas não têm fundamento. "Desde a entrega de documentação, o cuidado foi rigoroso", afirmou Ezequiel de Freitas, de 55 anos, há seis trabalhando como perueiro. Logo depois da divulgação do resultado da concorrência, no fim de dezembro, ele comprou uma van no valor de R$ 64 mil para ser paga em quatro anos. Para comprar o veículo, fez dois empréstimos e entregou a casa onde mora como garantia. "Se não puder mais trabalhar como vou pagar essa dívida?", questionou.

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