Petista chora ao deixar posto

Erenice, a nova ministra, também se emocionou

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Por Vera Rosa
Atualização:

/ BRASÍLIADilma Rousseff caiu no choro ao transmitir o cargo de ministra da Casa Civil para Erenice Guerra, na tarde de ontem, diante de 300 servidores que lotaram o auditório do Palácio do Planalto. Filha de um pedreiro que participou da construção do Palácio, no fim dos anos 50, Erenice também não conteve as lágrimas e mal conseguiu encerrar seu discurso. As duas posaram para fotos com funcionários após a cerimônia.Pré-candidata do PT à Presidência, Dilma estava à vontade na planície. Conhecida por distribuir broncas quando era ministra, ela agradeceu aos subordinados pela dedicação, lamentou não ter tido mais tempo para conhecer cada um e disse que seu trabalho só foi possível porque "homens e mulheres" carregaram um "fardo bendito" à frente do ministério.A plataforma de governo de Dilma, produzida pelo PT, bateu na tecla da "herança bendita" para se referir ao período pós-Lula. Ao lado de Erenice, a ex-ministra não poupou elogios ao governo e afirmou que a Casa Civil sempre prestou contas do andamento das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), "mesmo sabendo que no outro dia viria uma saraivada de críticas".Longe dos tempos em que não escondia a contrariedade com estocadas no PAC, a pré-candidata petista observou que "as críticas foram boas" porque ajudaram a fazer com que prazos fossem cumpridos. "Nós todos tivemos de trocar o pneu do carro com o carro andando", insistiu.Quando o mestre de cerimônias anunciou Dilma como ministra, ela fez questão de retificar ao microfone. "Ex", corrigiu, provocando risos da plateia. O que começou com sorrisos, porém, terminou em prantos. "Tenho certeza que eu vou pensar sempre nos corredores da Casa Civil, nas salas e em vocês", afirmou, levando a mão à boca para conter o choro.Sem citar a palavra "eleição", para não correr risco de receber multa por campanha antecipada, Erenice disse ter certeza que Dilma vencerá. "Sei que você será vitoriosa porque trabalha com honestidade e seriedade", discursou a nova ministra, acusada de ter montado um dossiê com gastos do governo FHC (1995-2002), em 2008, para municiar a base aliada na CPI dos Cartões Corporativos.Erenice contou aos servidores, por sugestão de Dilma, a história de seu pai, um cearense que ajudou a construir o Planalto. Disse que há dois anos, com o pai já falecido, levou a mãe para conhecer Lula e tirar foto com ele.Dona de temperamento forte, Erenice também vestiu o figurino da simpatia ao assumir o cargo. "Sei que muitas vezes eu bato e assopro", admitiu. "Mas, pelo menos, eu tento assoprar." Antes de ser interrompida pelo choro, a nova ministra emendou: "Nosso trabalho é árduo, duro, algumas vezes a gente se estressa, perde a paciência, mas não podemos perder a ternura." Depois, correu para a sessão de fotos. "Somos as cajazeiras", brincou Dilma, ao lado de Erenice e de Miriam Belchior, secretária de Articulação e Monitoramento, recorrendo a expressão usada por Lula.

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