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Petista queria voltar a ser avalista da política econômica do governo

Articulação de reforma tributária e aumento da competitividade seriam trunfos para recuperar prestígio perdido em 2006

Por Lu Aiko Otta e BRASÍLIA
Atualização:

Durou pouco tempo o projeto de Antonio Palocci de reabilitar-se como fiador da racionalidade econômica no governo. Ele pretendia comandar as articulações em torno da reforma tributária e da agenda de medidas necessárias ao aumento da competitividade das empresas brasileiras. Seria, assim, responsável por um salto econômico tão importante quanto a criação de um mercado interno de massa, principal feito da gestão Lula.Se tudo corresse como o planejado, ele poderia até sonhar em retomar a trilha perdida em 2006: a de presidenciável. Mas ontem, pela segunda vez, teve a trajetória interrompida.Em 2002, Palocci surgiu como um oásis de tranquilidade para um mercado financeiro tomado pelo medo do que poderia ocorrer à economia brasileira sob um governo de esquerda. Ele patrocinou a Carta ao Povo Brasileiro, na qual Lula se comprometia a não romper contratos.Nomeado ministro da Fazenda, promoveu um duro ajuste fiscal e impulsionou uma agenda de reformas microeconômicas. Assim, conquistou o mercado financeiro. Quando o caixa permitiu, autorizou cortes de impostos que facilitaram o investimento. Ganhou o setor produtivo.O grande empresariado ajudou-o a eleger-se deputado em 2006. No Congresso, Palocci ocupou-se de temas como a prorrogação da Contribuição Provisória sobre a Movimentação Financeira (CPMF), o fundo social com recursos do pré-sal e a reforma tributária.A saída de Palocci não deve, porém, provocar forte abalo no mercado. Já não há tanta dúvida sobre a capacidade do PT de manter as contas razoavelmente ajustadas. "Não dá para achar que ele passou cinco meses fazendo política fiscal", observou o economista-chefe do banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves. "Ele devia estar ocupado com temas como aeroportos." Outro economista observou que Palocci era um anteparo importante. "São 27 governadores, 5 mil prefeitos e uma base de apoio que tem o PMDB querendo interferir no Orçamento", disse. "Mas não creio que uma ou outra liberação de verbas prejudique a política fiscal." Além disso, a agenda econômica anda a passos de tartaruga. As propostas de reforma tributária, por exemplo, nem chegaram ao Congresso.

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