Petroleiros mantêm ameaça de greve, mas adiam movimento

Sindicalistas avaliam contraproposta de reajuste salarial da Petrobrás, mas querem política de segurança

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Por Alexandre Rodrigues
Atualização:

Embora assembleias de sindicatos tenham marcado uma greve dos trabalhadores da Petrobrás a partir de hoje, conforme nota divulgada pela Federação Única dos Petroleiros (FUP), a entidade resolveu adiar o movimento até a semana que vem para avaliar uma nova proposta de acordo coletivo feita pela estatal. Segundo o coordenador geral da FUP, João Antônio de Moraes, os petroleiros farão uma nova rodada de reuniões até a próxima segunda-feira, quando uma decisão final sobre a deflagração do movimento será tomada. Moraes contou que, na tentativa de evitar a greve, a Petrobrás fez uma contraproposta na segunda-feira. Elevou de 9% para 10,7% a proposta de reajuste nos salários, o que foi confirmado pela estatal. No entanto, o sindicalista disse ver poucas chances de a nova oferta ser aceita pelos sindicatos, que já haviam aprovado no fim de semana, com adesão de 90% dos trabalhadores, o início da greve para esta quarta-feira. Os petroleiros reivindicam um reajuste em torno de 17%, com a garantia de pelo menos 10% de ganho real sobre a inflação. A nova proposta da Petrobrás prevê um ganho real de 3,25%, informou a companhia. O líder sindical da FUP disse até ver algum espaço para a negociação salarial, mas afirmou que o principal entrave nas conversas com a Petrobrás é a resistência da companhia a dar, na visão dele, "um aspecto mais democrático" à política de segurança do trabalho e de meio ambiente.

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De acordo com Moraes, os sindicatos estão preocupados com os acidentes que já provocaram a morte de 16 trabalhadores este ano, 14 deles terceirizados. "A Petrobrás não permite a participação de representantes dos trabalhadores nas comissões que apuram os acidentes, só quando há mortos. Queremos participar de todas justamente para evitar mais mortes", afirmou. Segundo a FUP, desde o último dia 19, petroleiros de várias unidades da Petrobrás e subsidiárias têm promovido mobilizações como operação padrão, cortes e atrasos nas trocas de turnos como forma de pressionar a empresa.

A FUP reclama que a Petrobrás ignora um plano de segurança entregue pelos sindicatos há dois meses. Para Moraes, será muito difícil a Petrobrás evitar a greve sem aceitar reformar seus procedimentos na área de segurança do trabalho. "A política de segurança e meio ambiente da Petrobrás é muito autoritária. Não condiz com o governo Dilma. É uma política do governo Médici", criticou Moraes. "A segurança é questão que, para nós, está acima da econômica." Avanços. A Petrobrás informou que não tem novo posicionamento em relação à ameaça de greve divulgada pela FUP. Segundo a assessoria de imprensa, a companhia aguarda "manifestação favorável" dos empregados sobre sua última proposta, que disse contemplar as cláusulas econômicas e sociais reivindicadas pelos petroleiros para o acordo coletivo de 2011. Em nota, a empresa afirma que as novas propostas contemplam "diversos avanços" nas políticas de meio ambiente e segurança, no plano de saúde dos empregados, entre outras cláusulas sociais".

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