PF abre inquérito e pode acusar de homicídio pilotos do Legacy

Inquérito vai apurar a eventual ocorrência de dois crimes: homícidio culposo e atentado contra segurança de transporte aéreo

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Por Agencia Estado
Atualização:

A Polícia Federal (PF) informou na tarde desta quarta-feira, 3, que, por determinação do Ministério Público, foi aberto um inquérito para apurar eventual prática de homicídio culposo e atentado contra segurança de transporte aéreo sobre o acidente envolvendo um jato Legacy com o Boeing da Gol vôo 1907, no qual morreram 155 pessoas. Segundo a PF, a investigação vai apurar a suspeita de que os americanos Joseph Lepore e Jan Paul Paladino, piloto e co-piloto do Legacy, possam ter adotado uma conduta arriscada na condução da aeronave. Em cooperação com a Polícia Civil do estado do Mato Grosso, que também abriu inquérito para apurar o caso, a Polícia Federal já recebeu a cópia de todos os procedimentos de investigação local. O delegado responsável pelo caso, Renato Sayão Dias, e mais dois auxiliares, deverão ir a Brasília na próxima sexta-feira, para reunir mais informações junto a outros órgãos, como a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e a Aeronáutica. O inquérito vai apurar a eventual ocorrência de dois crimes: um previsto no artigo 121 do código penal (homícidio culposo ou dolo eventual) e outro previsto no artigo 261 do mesmo código (atentado contra segurança de transporte aéreo). Por enquanto os inquéritos local e federal correm em paralelo, mas é esperada uma discussão na Justiça de Mato Grosso sobre qual esfera terá competência para apurar o caso até o fim. Legacy enganou controle aéreo Os peritos da Aeronáutica não têm dúvidas de que o jato Legacy enganou os controladores de vôo do Cindacta 1, em Brasília, e provocou a maior tragédia da aviação civil do País: a queda de um Boeing da Gol, na sexta-feira, que matou 155 pessoas. Todas as informações da Aeronáutica mostram que os pilotos americanos do Legacy voaram com o transponder desligado - aparelho que identifica o avião no radar e integra o sistema de alerta anticolisão, impedindo que os controladores de vôo vissem os dois aviões na mesma rota e evitassem a colisão. Mais grave e misterioso: a Aeronáutica quer saber por que o piloto do jato não atendeu aos inúmeros chamados que a torre do Cindacta 1 fez até o momento do choque. Quer saber também como, após a colisão, não só o transponder voltou a funcionar como o piloto passou a chamar a torre, narrando o choque com um objeto não identificado pelo mesmo rádio que não havia atendido até então. ?Muito provavelmente, ele havia diminuído o volume do rádio. Ele (o avião) começou a ser chamado pela torre de Brasília e não respondia. A resposta veio, como por milagre, após o impacto?, disse um oficial. Outro fator que pode ter contribuído para o acidente é uma improvável falha de comunicação. A regra é cumprir o plano de vôo. Para alterá-lo, é preciso pedir autorização. Assim, a torre entendia que o Legacy não ia descumpri-lo. Ele estaria em sua aerovia e não havia por que avisar ao Boeing sobre a existência de alguém em sua rota. Colaborou Solange Spigliatti

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