PF apreende munição e realiza prisões no Rio

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Por Agencia Estado
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Mais de 50 mil cápsulas de munição foram apreendidas e seis pessoas foram presas - entre elas dois ex-militares do Exército - pela Polícia Federal em duas operações realizadas nos bairros de Manguinhos, na zona norte, e Campo Grande, na zona oeste da capital fluminense. De acordo com a PF, é a maior apreensão do gênero no Estado dos últimos dois anos. O material estava camuflado em três carros procedentes do Paraguai, interceptados pelos agentes na Avenida Brasil, e em uma casa na favela da Carobinha, que servia de depósito para a quadrilha. Também foram achados uniformes do Exército e armas. As investigações começaram há dois meses, e há indícios de que grande parte do material abasteceria criminosos ligados ao traficante Celso Luiz Rodrigues, o Celsinho da Vila Vintém, preso em Bangu 1, que domina o tráfico na Carobinha. A primeira apreensão aconteceu às 7h desta manhã. De acordo com o delegado Roberto Prel, que comandou a ação, a operação começou a ser montada na madrugada da véspera. Os policiais começaram a seguir discretamente o bando, a partir de um ponto não revelado. O grupo passou pela Via Dutra e chegou ao Rio de manhã. Cinco suspeitos (três homens e duas mulheres, cujos nomes não foram divulgados) tinham se encontrado na lanchonete Bob?s, na Avenida Brasil, na altura de Bonsucesso. Usando dois Unos e um Palio, os suspeitos então perceberam que estavam sendo seguidos e tentaram fugir. Na altura da Fundação Instituto Oswaldo Cruz, em Manguinhos, a PF interceptou os criminosos, na pista central da Avenida Brasil. Os três homens tentaram fugir e trocaram tiros com a polícia. Foram capturados e algemados em plena via, que ficou interditada por 24 minutos. Nos três carros, foram encontrados cerca de 30 mil cápsulas de calibres 7.62 (para fuzil Fal e HK-G3), e de uso restrito às Forças Armadas; 9 milímetros e 45 (para pistolas e metralhadoras); 223 milímetros e 556 (para fuzis AR-15, M-16 e Sig Sauer) e 40 para pistolas. A carga, de fabricação checa, paraguaia e brasileira, estava escondida em várias partes dos carros, desde os bancos até nos filtros de ar. Também foi encontrada uma pistola Famae, de fabricação chilena, e um revólver. Na casa de Campo Grande, os policiais encontraram cerca de 20 mil munições, de tipos semelhantes ao carregamento anterior, pistolas de vários calibres, fragmentos de fuzil e munições de combate usadas em metralhadoras com tripé. Lá, foi feita a sexta prisão. Nas duas operações, também foram apreendidas mais quatro pistolas e até um uniforme do time de futebol Atlético Paranaense. Entre os presos, estava um ex-sargento e um ex-cabo da Polícia do Exército (PE). Os carros têm placas de São Paulo e Foz do Iguaçu (PR). A operação foi executada por 25 policiais da Delegacia de Ordem Política e Social (Delops), chefiados pelo delegado Prel. O superintendente da PF no Rio, Marcelo Itagiba, não detalhou a investigação nem a operação que, segundo ele, vai continuar nos próximos dias. "É uma operação importante e uma grande apreensão. Quem comprou está no prejuízo", disse. A investigação, ressaltou Itagiba, não tem ligação com as ações da força-tarefa criada pelo governo federal para combater o crime organizado no Estado, reunindo a PF e as Polícias Civil e Militar do Estado. De acordo com Itagiba, a PF ainda não tem subsídios para identificar o comprador da carga. Ele acredita, no entanto, que a munição seria distribuída por várias facções criminosas do Estado. O fato de o paiol ter sido estourado na zona oeste, reduto do traficante Celsinho da Vila Vintém, segundo o superintendente da PF, não confirma necessariamente que o material fosse destinado a seu bando. Na casa de Campo Grande, foi encontrada, além de um homem que foi preso, uma mulher que, mesmo liberada, está sendo investigada pela polícia. Itagiba observou que qualquer quantidade de munição encontrada sempre surpreende a polícia: "Não podemos é permitir que munição entre no Rio de Janeiro." Ele disse que o Paraguai e outros países que fazem fronteira com o Brasil são as fontes de abastecimento de armas, munição e drogas para os traficantes brasileiros.

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