PF diz que depoimento de Agnaldo é uma farsa

Superintendente estuda pedir a prisão de Agnaldo Henrique de Lima

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Por Agencia Estado
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É falsa a história do homem que declarou à Polícia Federal ter entregue R$ 250 mil a Hamilton Lacerda, ex-coordenador da campanha do senador do PT Aloizio Mercadante ao governo de São Paulo. A informação foi dada no início da tarde desta sexta-feira pelo delegado Daniel Lorenz, superintendente regional da PF em Mato Grosso, que investiga o dossiê Vedoin. Agnaldo Henrique de Lima, que se apresenta como funcionário de uma empresa de eventos no sul de Minas, disse na quinta-feira que seu patrão, a quem identificou como Luís Armando Ramos, havia pedido a ele que emprestasse sua conta bancária para receber um depósito naquele valor. Lima contou que dias depois o patrão e ele foram à agência do Bradesco em Pouso Alegre e sacaram os R$ 250 mil. Em seguida, viajaram para São Paulo e, nas imediações do Hotel Íbis Congonhas, entregaram o dinheiro a um homem que estava acompanhado de um segurança. Esse homem seria Hamilton Lacerda, segundo Lima afirmou à PF. "É tudo furado", disse hoje o delegado Daniel Lorenz. A PF abriu inquérito contra Lima por crime de falso testemunho. Se condenado, ele pode ser punido com pena de 1 a 3 anos de reclusão. O delegado disse que a PF estuda pedir à Justiça a prisão preventiva de Lima, que desapareceu de Varginha, sua cidade. Antes de depor à PF, Lima gravou um vídeo onde conta a história fantasiosa. A PF suspeita que a produção foi feita por Roseli Pantaleão, que seria ligada à executiva do PSDB em Pouso Alegre. A descoberta da farsa provocou irritação na PF, que há três dias estava mobilizada na apuração. Os federais acreditavam estar no caminho certo da identificação de mais uma parte dos reais apreendidos no Íbis Congonhas dia 15 de setembro - onde acabaram presos dois quadros petistas, Gedimar Passos e Valdebran Padilha, negociadores do dossiê. Segundo rastro Uma parte dos reais saiu da contravenção. No relatório que enviou à Justiça Federal, há uma semana, o delegado Diógenes Curado, que preside o inquérito do dossiê, sustentou que Antonio Kalil, o Turcão, banqueiro do jogo do bicho no Rio, está envolvido na trama. A PF tinha quase certeza de que estava encontrando o rastro de outra parte dos reais. O depoimento de Lima foi convincente até uma etapa da história. Quando o delegado Daniel Daher, da PF em Varginha, pediu a Lima que o acompanhasse ao banco para verificar o extrato da movimentação ele começou a cair em contradição. Disse que havia esquecido o cartão do banco. O gerente da agência Bradesco de Pouso Alegre afirmou aos federais que não houve "registros atípicos" durante todo o mês que antecedeu a operação da PF que interceptou a venda do dossiê. A PF ainda não sabe se Lima foi manipulado por alguém. "Se ele estava brincando com a polícia deve saber que fez uma brincadeira bastante pesada", disse o delegado Daniel Lorenz.

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