PF inicia perícia em computador de servidora sob suspeita

Para facilitar cruzamento de informações, polícia pediu quebra de sigilo [br]telefônico, bancário e fiscal de Addeilda Santos

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Por Vannildo Mendes
Atualização:

A Polícia Federal iniciou ontem a perícia no disco rígido do computador usado pela servidora Adeildda Ferreira dos Santos, da Delegacia da Receita Federal de Mauá (SP), suspeita de envolvimento no vazamento dos dados fiscais do vice-presidente do PSDSB, Eduardo Jorge Caldas Pereira e de outros tucanos. A quebra do sigilo do computador foi autorizada pela Justiça.Para facilitar o cruzamento de informações, a PF pediu também a quebra de sigilo telefônico, bancário e fiscal de Adeildda. O objetivo é identificar os intermediários do suposto esquema de compra e venda de dados sigilosos, apontado pela corregedoria da Receita. "O foco está nos vazamentos e, no final da linha, vamos desmascarar os mandantes e suas intenções", disse uma fonte com acesso à investigação.A superintendência da PF em São Paulo recebeu orientação para ouvir a filha de José Serra (PSDB), Verônica Serra, que também teve dados fiscais ilegalmente acessados. A PF vai colher o padrão gráfico da caligrafia de Verônica para fazer a comparação, em exame grafotécnico, com a assinatura da procuração usada pelo contador Antônio Carlos Atella Ferreira para obter os dados dela.Também por orientação de Brasília, onde tramita o inquérito, a superintendência expediu mandado de intimação para tomar o depoimento de Atella o quanto antes. Por ter se utilizado de uma procuração falsa, o contador passou a ser investigado, com Adeildda, como suspeito pelo vazamento de dados fiscais. Ele deve ser indiciado por falsidade ideológica e uso de documento falso. A PF também deve apreender o disco rígido de um computador da delegacia da Receita de Santo André, utilizado para invadir os dados de Verônica.Investigação. Embora a Receita investigue apenas crimes comum e administrativo, a Polícia Federal não descartou a hipótese de crime eleitoral, que ganhou força com a descoberta de nome de Verônica entre os alvos de devassa ilegal. Até agora, foram interrogadas 12 pessoas, entre testemunhas e suspeitos de envolvimento no caso. Os dados fiscais de Eduardo Jorge foram parar no núcleo de inteligência da pré-campanha da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, que nega responsabilidade no episódio.De acordo com uma fonte da PF com acesso à investigação, será feito o rastreamento dos envolvidos a partir do cruzamento de informações. O foco é investigar todos os aspectos do vazamento: quem encomendou, como foi feito e a quem serviu. Foram detectados pela Receita 140 acessos indevidos no computador de Adeildda, com uso da senha da analista Antônia Aparecida dos Santos Neves, chefe da delegacia de Mauá.

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