PF não revela onde ficará Beira-Mar

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, que chega em Brasília nas próximas horas, é considerado um arquivo vivo pelo secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Josias Quintal. De acordo com o Quintal, as informações que detém Beira-Mar são suficientes para causar um escândalo, envolvendo políticos, policiais e empresários com o tráfico de drogas no Brasil. Entre outras revelações Beira-Mar confessou a doação de US$ 500 mil para a campanha de um político do Rio. Medo de ser assassinado Beira-Mar se transformou num arquivo vivo, e muita gente pode estar pensando, a esta altura, que seria melhor se ele estivesse morto. Quintal afirmou que o traficante lhe disse em Bogotá que temia voltar ao Rio. ?Ele tem medo de ser assassinado?, diz o secretário. Contrariando as declarações de Quintal, o adido da Polícia Federal em Bogotá, César Nunes, disse nesta terça-feira que Beira-Mar havia negado ter denunciado nomes de políticos, policiais e empresários ligados ao narcotráfico. Irritado, Nunes acredita que Quintal tenha violado leis colombianas ao interrogar o traficante e ameaçou pedir sua punição. "Nem nós nem ele poderíamos interromper o trabalho das autoridades colombianas." O medo da ?queima de arquivo? pode ser uma justificativa para o interesse do traficante em ser levado para os Estados Unidos e julgado lá. Dada a dimensão das atividades do traficante, as próprias autoridades norte-americanas chegaram a pleitear a ida de Beira-Mar para os EUA, mas a procuradoria-geral da Colômbia decidiu deportá-lo para o Brasil na noite desta terça-feira. Às 23h17min, o traficante era levado da procuradoria, em Bogotá, para uma base aérea, onde embarcaria para o Brasil. ?Não há polêmica? Segundo o procurador-geral da Colômbia, Alfonso Gomez Mendes, fazia mais sentido Beira-Mar ser reconduzido a um país onde ele já foi condenado do que responder a processo incerto no local onde foi preso. Apesar da irritação de César Nunes com Josias Quintal, o ministro da Justiça José Gregori, negou que haja polêmica entre autoridades. "Não há farpas, não há razão para disputas." Ele não quis revelar para onde o criminoso será levado no Brasil. "É normal que diversas polícias se interessem. Beira-Mar tem contas a acertar com autoridades do Rio, de Minas e com a PF." Beira-Mar será transportado num avião da Força Aérea Brasileira (FAB) que está estacionado em Tabatinga (AM) desde domingo. A escolta do brasileiro será feita pelo diretor-geral da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da Polícia Federal de Brasília, delegado Getúlio Bezerra, e o superintendente da PF no Amazonas, Mauro Spósito, além do adido da PF em Bogotá, César Nunes. ?Criador de gado? Ao ser detido, Beira-Mar disse que estava na Colômbia como criador de gado. O traficante passou boa parte desta terça-feira depondo na sede da procuradoria-geral da Colômbia. O interrogatório começou às 9 horas (11 horas de Brasília), mas desde domingo o traficante vinha sendo questionado pelo promotor colombiano Romero Muñoz. Beira-Mar confessou às autoridades colombianas que pagava cerca de US$ 10 milhões por mês às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) pela cocaína produzida em território da guerrilha. Ele confessou ao ministro da Defesa, Luis Fernando Ramírez, que comprava cerca de 200 toneladas de cocaína por ano. Droga por armas O traficante falou com Quintal durante cerca de uma hora, depois de ser interrogado por quatro horas pelas autoridades colombianas. Antes de falar, Beira-Mar foi examinado por um médico-legista. Ao ser preso, ele estava com o braço direito engessado e sem dois dedos da mão direita. O brasileiro disse que entregava às Farc US$ 500 por quilo de cocaína recebido e US$ 15 mil por vôo de avião feito na área da guerrilha. Ele afirmou que em outras ocasiões pagava às Farc em armamentos ? forneceu ao todo 10 mil armas e 3 milhões de balas. (Colaborou Hugo Marques, com agências internacionais) Leia também: Prisão de Beira-Mar pode elevar preço de droga Onde guardar com segurança preso tão perigoso? FAB defende abate de aviões contra tráfico PF quer punição de secretário por violação de leis

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.