PF nega que tenha pedido quebra de sigilo de Berzoini

Segundo a PF, isso não pode acontecer porque o presidente afastado do PT é deputado federal e, por isso, tem foro privilegiado

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Por Agencia Estado
Atualização:

A Polícia Federal negou em nota divulgada nesta segunda-feira que tenha pedido a quebra de sigilo telefônico do deputado federal pelo PT, Ricardo Berzoini, presidente afastado do partido e ex-coordenador de campanha de Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição. Segundo a PF, por ser deputado, Berzoini tem foro privilegiado e, neste caso, cabe ao Supremo Tribunal Federal (STF) esse tipo de ação. "A PF reafirma que trabalha no estrito cumprimento de sua missão institucional, investigando a todos de acordo com a lei e com a finalidade de assegurar que ninguém tenha suas garantias legais feridas", afirma o texto. A PF informou ainda que Berzoini teria cedido os números de suas linhas telefônicas quando prestou depoimento à PF no inquérito do dossiê Vedoin, em 17 de outubro."Mesmo sem ter obtido autorização da Justiça sobre dados telefônicos do deputado Ricardo Berzoini, a PF trabalha cruzando os quatro números telefônicos fornecidos pelo próprio deputado", afirma a nota. Entenda o caso O episódio do caso dossiê começou há 39 dias. Em 15 de setembro, a Polícia Federal prendeu em Cuiabá um dos donos da Planam, Luiz Antonio Vedoin, e seu tio Paulo Roberto Trevisan, que estavam negociando a venda de informações contra os candidatos tucanos José Serra (ao governo de São Paulo) e Geraldo Alckmin (à Presidência da República). Depois da prisão de Vedoin e Trevisan, a PF de Mato Grosso avisou a de São Paulo, que horas depois prendeu na capital outros dois integrantes do esquema, os petistas Valdebran Padilha e Gedimar Passos. Eles estavam com parte dos R$ 1,75 milhão que seriam usados na compra do material pelo PT. Gedimar disse à Polícia que o mandante da operação era Freud Godoy, ex-assessor especial da Presidência. Mas, relatório parcial da PF aponta Jorge Lorenzetti, ex-coordenador do setor de inteligência da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição, como mentor da ´negociação´. Durante as investigações, outras figuras próximas ao presidente aparecem no caso: Ricardo Berzoini, ex-coordenador de campanha de Lula e ex-presidente nacional do PT; Hamilton Lacerda, ex-assessor de Aloizio Mercadante; Expedito Veloso, do Banco do Brasil; Oswaldo Bargas, ex-Ministério do Trabalho. Além desses, recente rastreamento telefônico autorizado pela Justiça também revelou telefonemas do chefe de gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, para Lorenzetti e dele para o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu. O chamado dossiê Vedoin continha um CD, fotos e alguns documentos envolvendo os dois tucanos na máfia das ambulâncias - esquema liderado pela Planam, que vendia ambulâncias superfaturadas a prefeituras de todo o Brasil. As irregularidades deste caso foram descobertas meses antes pela PF e chegaram a movimentar R$ 110 milhões com o envolvimento de funcionários de diversos Colaboraram Fausto Macedo e Sonia Filgueiras

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