PF prende 30 hackers de classe média

Grupo de jovens detidos em Minas, Bahia e Santa Catarina é acusado de lesar correntistas em R$ 14 milhões

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Por Eduardo Kattah
Atualização:

Mais uma organização criminosa envolvendo jovens de classe média foi desarticulada ontem. A Polícia Federal prendeu 30 pessoas, todas com idades entre 20 e 25 anos, em Minas, Bahia e Santa Catarina, suspeitas de participação em uma quadrilha especializada em crimes cibernéticos, que lesava correntistas e bancos de todo o País. A PF estima que o crime era praticado há pelo menos cinco anos. Em oito meses de investigação, o grupo causou um prejuízo de cerca de R$ 14 milhões. Nesse período, foram identificadas aproximadamente 200 vítimas em todo o Brasil, mas os policiais federais acreditam que o número de pessoas lesadas é bem maior. A Operação Ilíada visava ao cumprimento de 31 mandados de prisão - 20 preventivos e 11 temporários - e 34 de busca e apreensão expedidos pela 4ª Vara Federal Criminal de Belo Horizonte. Até 20 horas, apenas um suspeito estava foragido. A maior parte das prisões ocorreu em Betim - considerada a base da quadrilha em Minas. Cinco suspeitos foram presos na capital. A PF cumpriu também mandados em outras oito cidades mineiras. Uma pessoa foi presa em Joinville (SC) e outra em Porto Seguro (BA). Segundo a PF, a operação arquitetada pela quadrilha era complexa. O grupo enviava e-mails em nome de empresas, além de mensagens simuladas como notícias relevantes para as vítimas. Depois de abertos, os e-mails instalavam um vírus no computador do usuário, sem que ele tivesse conhecimento. Quando a vítima acessava os dados bancários, os criminosos também alcançavam as contas correntes e realizavam transferências, saques e pagamentos indevidos. De acordo com a PF, o dinheiro desviado era depositado na conta de laranjas e dividido entre integrantes da quadrilha. "Pelas investigações, concluímos que cada hacker subtraía R$ 600 mil por ano, ou seja, R$ 50 mil por mês. O prejuízo total chega a mais de R$ 14 milhões", disse o delegado Felipe Baeta. A quadrilha, conforme as investigações, lesou clientes de várias instituições financeiras, incluindo a Caixa Econômica Federal (CEF). "Desde donos de contas vultosas, proprietários de empresas, até pessoas mais humildes", observou o delegado. "Eram jovens de classe média, que se dedicavam exclusivamente a esse delito. Ficavam quase que integralmente dedicando seu tempo para essa prática."

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