PF prende 80 PMs em duas operações no Rio de Janeiro

Operações visavam desbaratar quadrilhas ligadas a traficantes, à venda de armas para bandidos e à máfia dos caça-níqueis

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Por Agencia Estado
Atualização:

Oitenta policiais foram nesta sexta-feira em duas operações da Polícia Federal para desbaratar quadrilhas ligadas a traficantes, à venda de armas para bandidos e à máfia dos caça-níqueis no Rio. A maioria das prisões está relacionada à Operação Tingüi, que visava a prisão de 76 policiais envolvidos traficantes e o repasse de armas, prevista para durar dois dias. As investigações, nas quais a PF obteve da Justiça mandados de prisão contra 120 pessoas, alcançaram o delegado Álvaro Lins, chefe de Polícia na gestão do ex-govenador Anthony Garotinho (PMDB), e na atual, comandada por sua mulher, Rosinha Garotinho. A PF pediu a prisão temporária de Lins, mas a 4ª Vara Criminal Federal negou. Lins é suspeito de crime eleitoral, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Diplomado nesta sexta-feira como deputado estadual, ele é acusado de ter a campanha financiada por bicheiros que exploram jogos eletrônicos. Antes de entrar na Polícia Civil, Lins foi oficial da PM e já teve o nome envolvido numa lista de pessoas que supostamente recebiam propina do bicho. Em operação realizada à tarde, batizada de Gladiador, também foi detido o comandante do 14.º Batalhão da PM (Bangu), coronel Celso Nogueira, suspeito de envolvimento com as quadrilhas de caça-níquel. O coronel já havia sido afastado do cargo pela manhã, quando foram presos 39 praças e um tenente do batalhão, acusados de ligação com o tráfico de drogas. Ainda foram detidos na Gladiador outros dois PMs e dois policiais civis. No total, 45 mandados de prisão foram expedidos pela Justiça Federal na investigação sobre os caça-níqueis. Foro Privilegiado Como foi diplomado, Lins agora tem foro privilegiado, disse o superintendente da PF no Rio, Delci Teixeira. Para o presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Roberto Wider, no entanto, Lins só tem esse direito depois da posse, em 1º de fevereiro. A Procuradoria Regional Eleitoral tem três dias úteis, após a concessão do diploma, para recorrer da diplomação de um parlamentar. O prazo se esgota na quarta-feira. Um mandado de busca e apreensão para a casa de Lins foi expedido pela Justiça Federal, mas Teixeira disse que não houve tempo hábil para o cumprimento antes da diplomação porque os 380 policiais mobilizados na Gladiador são os mesmos que participaram pela manhã da Operação Tingüi - a PF usou nesta sexta no Rio homens de São Paulo, Espírito Santo, Paraná e Minas. "A Justiça entendeu que não havia elementos suficientes para a prisão", disse Teixeira. "O fato de o delegado ter pedido a prisão demonstra que estava plenamente convencido do envolvimento." O superintendente disse também que os dados da investigação serão encaminhados ao procurador regional eleitoral, Rogério Nascimento. Procurado pelo Estado, Lins não quis comentar o assunto. Por meio de sua assessoria, disse que desconhece as acusações e vai constituir advogado para se defender. Também por intermédio de assessores, a governadora Rosinha disse que não iria se pronunciar sobre as acusações contra o delegado que ocupou o mais alto cargo na hierarquia da Polícia Civil. As investigações da Gladiador começaram há mais de sete meses. O alvo inicial eram os contraventores Rogério Andrade e Fernando Ignácio, herdeiros do bicheiro Castor de Andrade, que travavam uma guerra pela exploração de caça-níqueis. Mais de 50 pessoas morreram nessa disputa. Colaboraram Clarissa Thomé, Marcelo Auler, Rodrigo Morais e Fabiana Cimieri Matéria atualizada às 21h35

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