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PF prende dono de 250 postos de gasolina

Por Agencia Estado
Atualização:

A Polícia Federal prendeu nesta sexta-feira o empresário Ari Natalino da Silva, do Grupo Petroforte Petróleo Brasileiro, acusado de crime contra a ordem tributária e sonegação fiscal de R$ 15 milhões - valor apurado pela Receita de 1997 a 2000. Natalino foi localizado às 4 horas, no Hospital Israelita Albert Einstein, onde se havia internado meia hora antes. A operação policial foi comandada pelos delegados Dirceu Bertin e Alexandre Morato Crenitte, da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado e de Inquéritos Especiais (Delecoie-PF). "Natalino é uma potência do crime organizado", avaliam os federais. Boletim divulgado pelo hospital informa que o empresário está sendo submetido a "tratamento de complicações decorrentes de leucemia aguda mieloblástica; seu estado é regular". A nota é subscrita pelo superintendente do Einstein, José Henrique Germann, e pelo médico de Natalino, Eurípides Ferreira. O empresário deverá permanecer internado por mais 72 horas, no máximo. Depois, será removido para a Custódia da PF. O superintendente regional da PF, delegado Francisco Baltazar da Silva, determinou a formação de uma escolta especial. Baltazar não quer "surpresas". Comandante de um império econômico estimado em R$ 500 milhões - que inclui 250 postos em São Paulo, Rio e Brasília, 400 caminhões-tanque, 2 aviões, 2 fábricas de cigarro e outras propriedades -, Natalino é alvo de 27 inquéritos. A PF suspeita que o empresário, que iniciou como marceneiro no interior de São Paulo, está envolvido em lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e evasão de divisas - remessa ilegal de US$ 50 milhões para contas de empresas offshore nas Ilhas Cayman e outros paraísos fiscais. A omissão de rendimentos pode alcançar R$ 130 milhões. A prisão de Natalino foi decretada dia 19 pelo juiz Ali Mazloum, da 7ª Vara Criminal da Justiça Federal. Mazloum acolheu representação do Ministério Público Federal. O juiz decretou a quebra do sigilo bancário e fiscal do empresário e de outras 40 pessoas físicas e jurídicas, como a Haulover Entrepises e Florence Ventures INC (sediadas em Tortola, Ilhas Virgens Britânicas), Transaf SRL, Richley Internacional, Phillterry Corporation, DalyStore Corporation (as três em Montevidéu) e Security Investiments LLC ), nos Estados Unidos. Mazloum afirmou que "o denunciado seria detentor de inúmeras empresas, utilizando-se de métodos cada vez mais estruturados e elaborados de associação delitiva, reformulando freqüentemente a composição societária, sendo costumeira a utilização de sócios-laranjas". Mazloum destacou que Natalino foi investigado por três Comissões Parlamentares de Inquérito, sobre roubo de cargas, adulteração de combustíveis e narcotráfico. "Graves prejuízos econômicos evidenciados pelo valor sonegado demonstram necessidade da prisão como garantia da ordem econômica." O delegado Dirceu Bertin observou que as investigações sobre Natalino começaram a partir de "uma prosaica barreira" na Rodovia Castelo Branco, ano passado. O empresário levava documentos relativos a movimentações financeiras no exterior. Na residência da ex-mulher do empresário, Aparecida Maria Pessuto, a PF apreendeu cautelas de certificado de depósitos de offshores nas Ilhas Virgens Britânicas e outros papéis que indicam remessa de US$ 20 milhões ao Uruguai. O advogado Wellengton Carlos de Campos, defensor do empresário, informou que vai recorrer da ordem de prisão. "O grupo empresarial possui offshores registradas na Junta Comercial, perfeitamente legalizadas", anotou Campos. "O problema é que hoje, quando se fala em offshore já pensam que é sinônimo de lavagem de dinheiro." O advogado declarou que a autuação da Receita, por suposta sonegação - motivo da prisão -, também pode ser contestada por meio de recurso. "A Petroforte é credora de valores altíssimos do Estado e da União, pode ser proposta uma compensação."

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