PF quer leiloar carros de luxo apreendidos na operação

Foram apreendidos 47 veículos e 3 motocicletas avaliados em R$ 20 milhões

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Por Agencia Estado
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A Polícia Federal quer leiloar os 47 carros e três motocicletas apreendidos com os 25 réus presos na Operação Hurricane, acusados de pertencer a uma organização criminosa ligada a bingos e à exploração ilegal de máquinas de caça-níqueis. A proposta de alienar os bens será levada ao ministro Cézar Peluso, relator no Supremo Tribunal Federal (STF) do inquérito que desencadeou a operação. A apreensão foi a maior e mais valiosa já feita pelos federais. A frota inclui modelos Mercedes-Benz (11), Mitsubishi Pajero (5), Ranger Rover (2), Toyota Corolla (2), Porsche Cayenne blindado, Pontiac Solstice, Grand Caravan e outros veículos avaliados entre R$ 15 milhões e R$ 20 milhões por policiais federais. A idéia de delegados federais é leiloar logo os carros para que eles não se deteriorem, pois a Divisão de Serviços Gerais do Departamento da Polícia Federal não tem galpão coberto para guardá-los. Para leiloá-los, os federais querem que o ministro Peluso - responsável pela apreensão - faça uma adaptação do que prevê a Lei Antidrogas. Esta permite a alienação de bens apreendidos por leilão público, antes do fim do processo. O valor da venda é recolhido ao Tesouro Nacional, que emite títulos no mesmo valor, garantindo um possível reembolso aos proprietários se, no fim do processo, não houver o confisco do bem. Os delegados acham possível adaptá-la ao caso. O juiz Walter Maierovitch, autor da proposta de leiloar bens apreendidos antes do fim do processo, defende que a medida seja aplicada à Operação Hurricane. Ele lembra que tem sido comum o crime organizado adquirir bens via leasing. "Quando esses bens são apreendidos, as financeiras se apresentam como donas e evitam o seqüestro. Elas devem perdê-los, até por não terem tido a cautela necessária ao vender." A reportagem conseguiu conferir no Detran os dados de 25 carros apreendidos. Desses, pelo menos três aparecem em nome de financeiras: uma Mercedes-Benz S 500 (LNN-0582), ano 2001; o Astra Sedan (HCI-7417) 2004 e um Ranger Rover 2006 (LPX-1848). Há um Pontiac Solstice (KYC-0492), em nome de Silvério Luiz Nery Cabral Júnior, genro do desembargador José Eduardo Carreira Alvim. O carro foi comprado por Cabral Júnior em 6 de março passado e ainda está alienado. Também está no pátio da PF, em Brasília, uma Mitsubishi Pajero GLS 2004, (LUK-0766) de Cabral Júnior. Mas a polícia não achou o Mercedes-Benz SLK (LBW-0487), que ele teria recebido do lobista Jaime Garcia, como pagamento por supostamente intermediar uma liminar concedida por seu sogro. O carro, fotografado em novembro na garagem do prédio onde ele mora, segundo os investigadores, foi revendido. E outro problema pode emperrar os leilões. Alguns carros estão em nome de parentes dos presos ou em nome de terceiros. De Therezinha Petrus , mulher do bicheiro Antônio Petrus Kalil, o Turcão, são a Mercedes-Benz CLS 500, 2005 (LTJ-1145) e o Siena HLX Flex 2006 (KZR-5890). A família de Belmiro Martins Ferreira Junior, dono de bingo, perdeu pelo menos quatro carros: Mitsubishi Pajero HPE (KUG-9602) em nome da filha; Passat Turbo (GWY-9100), em nome da mulher; Mitsubishi Pajero 4 x 4 (LNX-3082) e BMW 530 (LQJ-1259), ambos em nome de Ferreira Júnior. Mas nem todos os carros que pertencem aos presos foram apreendidos. A investigação da polícia mostra isso. O desembargador José Ricardo Siqueira Regueira, por exemplo, passou a ser investigado depois de os policiais terem identificado uma Mercedes-Benz (placa LCW-7937), registrada em seu nome, entre os carros dos participantes de uma reunião no Hotel Tio Sam, em Camboinhas, Niterói (RJ), de propriedade do bicheiro Turcão. A Mercedes, que estava em seu nome até dezembro, não foi apreendida. O delegado federal Carlos Pereira foi fotografado pelos investigadores com dois carros: um Toyota Fielder (MQG-1862) e um Astra prata (KNS-1815). O primeiro está em seu nome, segundo registros do Detran. No entanto, não aparece entre os carros guardados na Polícia Federal em Brasília. Já a placa do Astra que consta da investigação pertence a um Pálio de Jataí (GO), segundo informações conseguidas no Detran. A Polícia Federal, de acordo com a sua Assessoria de Imprensa, usa placas reservadas, mas nunca clonadas. Para a PF, essa pode ser mais uma irregularidade a ser apurada contra o delegado.

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