
12 de junho de 2011 | 00h00
A ordem de prisão e de embargo dos passaportes se estende a outros três denunciados pelo Ministério Público que também não foram localizados - Aurélio Cance Junior, ex-diretor técnico da Sanasa (companhia de saneamento de Campinas), Ricardo Cândia, "responsável pela recolha de grande parte do numerário arrecadado ilicitamente ante confiança que a suposta chefe (Rosely) do bando nele depositava", e Francisco de Lagos, ex-secretário de Comunicação e apontado como "homem forte" da administração Hélio Oliveira Santos, o Dr. Hélio (PDT).
Investigação dos promotores do Gaeco, tentáculo do Ministério Público que combate corrupção, incrimina 22 empresários, lobistas e servidores da cúpula do governo Dr. Hélio. O desvio de recursos públicos pode chegar a R$ 615 milhões.
Ao fundamentar o decreto de prisão de Rosely, Vilagra e dos outros alvos da ação, o juiz assinalou: "Quando estamos diante de grandes organizações criminosas, estruturadas de forma sólida, o cometimento dos crimes a que ela se dedica estão organizados em escala vultosa e com divisão de tarefas".
A polícia espreitou a moradia de Rosely, em um condomínio fechado, mas não a encontrou. O prefeito disse que "não sabe" onde está sua mulher. "Testemunhas confirmam já ter presenciado transporte de grandes somas em dinheiro, algumas vezes levadas para a casa de Rosely", destacou o juiz. "Não é uma simples investigação criminal que fará a prática delitiva cessar. O desejo de continuar auferindo lucros e ganhos do crime é tendência forte e inaplacável, exigindo medida efetiva, eficaz e coercitiva. Estamos diante, em tese, de quadrilha altamente estruturada, organizada e infiltrada no primeiro escalão da Prefeitura."
Descrições. Rosely é descrita assim pelo magistrado: "A suposta líder, chefe de gabinete do prefeito, voltada para imensos desvios de recursos públicos através de licitações fraudulentas e contando, ainda, com a colaboração, em princípio, de diversos outros agentes públicos e grandes empresários. Verifica-se que a quadrilha é diversificada, atuante, em tese espalhada por todos os setores da Prefeitura, não somente na Sanasa".
Rosely, segundo a promotoria: "Quando da formação da organização Rosely arregimentou alguns servidores públicos necessários à consecução de seus objetivos ilícitos. Ela sempre liderou o grupo, dando ordens aos demais envolvidos e atuando diretamente no contato com empresas e no recebimento do dinheiro oriundo da corrupção".
Segundo a denúncia, no início de 2005 ela "cooptou toda a diretoria da Sanasa, um dos núcleos da corrupção, para integrar seu bando e atuar de acordo com suas ordens no sentido de arrecadar valores através dos contratos públicos". "Os valores amealhados são divididos entre os servidores, ficando a maior parte em poder de Rosely."
O criminalista Eduardo Carnelós, defensor de Rosely, rechaça a acusação. Segundo ele, não há sequer indícios de corrupção contra a primeira-dama. "Existe, sim, flagrante objetivo político de atingir a gestão Dr. Hélio."
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