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Piloto deixa PF e diz que foi humilhado

Ralf afirma que atendeu a empresa sem saber que ela era de traficante

Foto do author José Maria Tomazela
Por José Maria Tomazela e SOROCABA
Atualização:

Após sete dias preso na sede da Polícia Federal, em São Paulo, o piloto Milton Helfenstens, o Ralf, foi libertado ontem. O juiz Ali Mazloum, da 1ª Vara Federal Criminal, entendeu que não havia mais necessidade de sua custódia e determinou que ele deixasse a prisão. Ralf foi preso dia 20, numa operação de combate ao tráfico. A ordem judicial foi dada na noite de segunda-feira, mas só foi cumprida ontem porque o delegado que preside a investigação estava viajando. A prisão foi motivada, segundo a PF, porque Ralf tinha pilotado aviões do traficante Gustavo Bautista, preso no Uruguai com 485 quilos de cocaína. Ao chegar em casa, em São Roque, ele confirmou ter pilotado aviões da empresa Mariad, de Bautista, mas disse que desconhecia qualquer ligação de Bautista com o crime. "Voei quatro vezes, indo inclusive para o Uruguai, Paraguai e Argentina, mas foram vôos controlados pelas autoridades", disse o piloto. Segundo ele, não foram levadas mercadorias, mas apenas familiares do empresário e técnicos da empresa. Ralf trabalhava como instrutor de vôo e piloto freelancer no Aeroclube de São Paulo. Ele foi escolhido pela Mariad porque falava inglês. O primeiro vôo foi em 2003. O piloto reclamou da truculência da PF durante a prisão. "Chegaram em casa às 6 horas, chutando móveis. Fui algemado e humilhado. O meu sentimento é de uma mulher estuprada. É um golpe na honra." Na sede da PF, disse ter sido bem tratado. "Eu ficava tentando descobrir por que estava lá, o que eu tinha feito de errado." Ralf foi sargento da Aeronáutica e passou para a reserva depois de uma doença grave. Agora, ele pretende voltar a pilotar. Embora se considere injustiçado, não sabe se processará a União. De acordo com os advogados José Luiz de Oliveira e João Ricardo Pereira, o piloto não chegou a ser indiciado no inquérito.

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