Pilotos do Airbus A320 criticam pista

Em depoimento, disseram que avião acidentado estava em boas condições

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Por José Dacauaziliquá
Atualização:

Os pilotos da TAM José Eduardo Batalha Brosco e Paulo Marcelo Souza Soares - que voaram com o mesmo Airbus A320 acidentado dias antes da tragédia - fizeram duras críticas à pista do Aeroporto de Congonhas em depoimento prestado ontem à tarde no 27º DP (Campo Belo). Relataram também que, apesar da possibilidade de um dos reversos estar inoperante, o avião estava em boas condições de vôo. Pela manhã, dois técnicos da Infraero que analisaram a pista principal horas antes do desastre prestaram depoimento. Os coordenadores de prevenção em emergência Esdras Barros e Agnaldo Molina disseram que, apesar de molhada, a pista não apresentava lâmina d?água. Com a informação, a torre liberou a pista. Em seu depoimento, Brosco disse que pilotou o A320 na véspera da tragédia. Afirmou que a previsão de pousar às 13h20 em Congonhas foi cancelada por causa da derrapagem da aeronave da Pantanal. A chuva nesse dia fez a pista fechar por 45 minutos. Segundo Brosco, os freios automáticos utilizaram o sistema mecânico porque a desaceleração se mantinha insuficiente para o avião parar. Relatou, inclusive, que ele e o co-piloto "ficaram muito tensos, pois a sensação era de que a aeronave não pararia a tempo". E terminou dizendo que "a pista (de Congonhas) não é confiável". Seu colega, o piloto Soares, utilizou o mesmo Airbus no domingo anterior ao acidente, mas não passou por Congonhas. Ele contou à polícia que durante as escalas realizadas, mesmo sem o reverso, os pousos foram tranqüilos. A exemplo de Brosco, elogiou o avião e criticou a pista. E acrescentou que antes da reforma, a pista ficava escorregadia em dias de chuva e que depois a situação piorou, pois o atrito entre os pneus e a pista diminuiu. "Em razão disso, ela (a pista) fica escorregadia. Com o grooving (ranhuras) nós não percebemos isso."

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