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Pilotos do Legacy foram indiciados por falta de cautela

Joe Lepore e Jan Paladino não teriam mantido o controle dos instrumentos do jato

Por Agencia Estado
Atualização:

O indiciamento pela Polícia Federal, em dezembro de 2006, dos pilotos norte-americanos Joe Lepore e Jan Paladino foi feito tendo como base as gravações de uma conversa entre os comandantes do jato Legacy, que se chocou no ar com o Boeing da Gol em 29 de setembro de 2006, causando a morte de 154 pessoas. A PF ouviu o diálogo, divulgado na edição desta semana da revista Veja, e notou que os pilotos não tinham controle sobre os instrumentos de vôo. A PF espera que laudos do Instituo Nacional de Criminalística (INC) sejam capazes de confirmar se, como indicam os diálogos dos dois pilotos na cabine, o TCAS estava mesmo desligado. Segundo uma fonte da PF, o objetivo é reunir o melhor conjunto probatório possível a respeito da eventual responsabilidade dos pilotos americanos no acidente. Conforme noticiou a revista, as gravações da caixa preta do jatinho indicam que após o choque com o Boeing, Lepore e Paladino, teriam percebido que o equipamento anticolisão, chamado de TCAS, estaria desligado. Nas aeronaves modernas, o transponder, que acusa a presença de outra aeronave na mesma rota, funciona acoplado ao TCAS. Segundo a Veja, os diálogos dos dois pilotos mostrariam que Lepore e Paladino, ao contrário do que dizem, descobriram às 16h59, apenas dois minutos após o acidente, que viajaram com o mecanismo anticolisão desligado. "Cara, você está com o TCAS ligado?", pergunta um deles. "É, o TCAS está desligado", responde o outro, conforme os diálogos divulgados pela revista. E, imediatamente após a conversa, o Legacy teria voltado a aparecer no radar, em uma evidência de que teria voltado a funcionar ou teria sido religado. A comissão que investiga o acidente pretende fazer uma nova entrevista com os pilotos, mas ainda não há data marcada. O grupo já sabia desde dezembro da informação e quer apurar que procedimentos podem ter levado ao desligamento do TCAS. Eles acreditam que não foi uma atitude deliberada porque os pilotos parecem ter se surpreendido ao notar que o aparelho não funcionava. O advogado dos pilotos, Theo Dias, disse que quando um dos pilotos falou que o equipamento estava "off" quis dizer que "a página do TCAS não estava aparecendo no visor. Em nenhum momento foi dito que o sistema estava desligado, isso eles não sabem". Dias reiterou que seus clientes não desligaram nada intencionalmente. "No nosso jargão, quando dizemos off é desligado. Se está inoperante, como seria o caso na versão deles, diriam fault (que tem falha)", opinou um piloto ouvido pelo Estado que não quis ser identificado, estranhando a declaração do advogado. Os dois pilotos foram enquadrados no artigo 261 do Código Penal (expor a perigo embarcação ou aeronave, própria ou alheia). A PF também investiga a responsabilidade dos controladores que trabalharam na orientação dos pilotos no dia do acidente. Em Mato Grosso, na semana passada, a Justiça Federal prorrogou por mais 30 dias o inquérito que investiga o acidente. O pedido foi feito pelo Ministério Público Federal. Este texto foi alterado às 10h12 para acréscimo de informações.

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