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Pilotos dos EUA querem evitar voar sobre o Brasil

"Ninguém vai querer ir para um lugar onde, após sofrer um acidente, você pode ir parar na cadeia e alguém jogar a chave fora", afirmou o presidente da divisão nova-iorquina do sindicato de pilotos da American Airlines

Por Agencia Estado
Atualização:

Após o acidente com o Boeing 737 da Gol e a apreensão dos passaportes dos pilotos americanos do jato Legacy, outros pilotos dos Estados Unidos já estão buscando rotas alternativas que não os obriguem a sobrevoar o Brasil. A informação foi dada à BBC Brasil por Sam Meyer, presidente da divisão nova-iorquina da Allied Pilots Association - sindicato que reúne 12 mil pilotos que atuam na American Airlines. Meyer se referia a pilotos de jatos executivos, como o próprio Legacy, e aviões particulares, não a aviadores como ele próprio, que trabalham para grandes empresas de aviação cujas rotas são determinas pelas próprias companhias. "Outros pilotos têm dito que irão buscar outras rotas, que não os obriguem a passar pelo espaço aéreo brasileiro. E eu concordo com eles - ninguém vai querer ir para um lugar onde, após sofrer um acidente, você pode ir parar na cadeia e alguém jogar a chave fora", disse Meyer. De acordo com ele, o conceito de que "alguém pode ser preso por fazer o seu trabalho é odioso. Nenhum piloto começa seu dia pensando: ´Hoje vou sair para matar pessoas´". "Precedente horrível" O jato Legacy, da empresa americana Excelaire, colidiu com o Boeing 737, da Gol, no dia 29 de setembro. Após o choque, o jato conseguiu pousar em uma base na Serra do Cachimbo, mas o Boeing caiu em uma área da Floresta Amazônica, no Mato Grosso, matando todas as 154 pessoas a bordo do avião. Os dois pilotos do jato Legacy, Joe Lepore e Jan Paladino, tiveram seus passaportes apreendidos a pedido da Justiça brasileira. A promotoria que analisa o caso chegou a pedir o indiciamento dos dois aviadores por homicídio culposo, sob a acusação de que eles teriam provocado o acidente. Meyer afirma que o procedimento americano em acidentes semelhantes é totalmente distinto do que está sendo adotado no Brasil. "Nos Estados Unidos, o órgão que fiscaliza os transportes no país promove uma investigação e você pode ser processado, mas não ir preso por acusação de homicídio culposo, o que é um exagero completo." De acordo com Meyer, a apreensão do passaporte dos dois pilotos americanos e o risco de que eles venham a enfrentar uma acusação de homicídio culposo "cria um precedente horrível". O presidente da associação conta que conhecia um dos pilotos, Jan Paladino, com quem trabalhou na American Airlines, da qual este fazia parte até recentemente. O piloto da Excelaire está, atualmente, licenciado da American Airlines. "Já voei com ele antes. E o considero um grande sujeito, um ótimo piloto e um bom profissional." Meyer diz, no entanto, que prefere não tecer quaisquer comentários sobre se os pilotos cometeram algum erro ou se o acidente poderia ser atribuído a uma falha dos controladores de vôo brasileiro. "Não posso falar sobre isso. Caberá à investigação tirar esse tipo de conclusão." Excelaire A empresa ExcelAire divulgou um comunicado na sexta-feira no qual afirma que continua a dar "total cooperação às autoridades que investigam as circunstâncias e as causas da recente tragédia" e acrescentou que "tem grande interesse em ver o processo investigativo chegar à sua conclusão". A companhia afirmou que as autoridades conduzindo a investigação estão "procedendo de forma profissional e providenciarão respostas às muitas perguntas ainda pendentes". A Excelaire conclui o comunicado dizendo que "especulações e acusações não contribuem para o processo de encontrar provas e não são justas com as partes envolvidas". include $_SERVER["DOCUMENT_ROOT"]."/ext/selos/bbc.inc"; ?>

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