Pimentel é obrigado a aceitar PMDB em Minas e perde espaço com Dilma

Além de ter seu nome ligado a suposto dossiê contra José Serra, ex-prefeito de Belo Horizonte se enfraquece na coordenação de campanha da pré-candidata petista por conta da decisão do partido de apoiar a candidatura do senador Hélio Costa

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Foto do author Vera Rosa
Por Eugênia Lopes e Vera Rosa
Atualização:

Juntos.

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Ex-prefeito Fernando Pimentel (à dir.) será candidato ao Senado na chapa encabeçada por Hélio Costa

 

BRASÍLIAEnredado no escândalo do dossiê contra o tucano José Serra, o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel deverá se afastar do comando da campanha de Dilma Rousseff à Presidência. Além de ter o nome ligado ao suposto dossiê, Pimentel sai fragilizado com a decisão do PT de apoiar o ex-ministro Hélio Costa (PMDB) ao governo de Minas.Pimentel queria concorrer ao Palácio da Liberdade, mas acabou derrotado. Depois de oito meses de negociações, a cúpula nacional do PT enquadrou a seção regional do partido em nome de um palanque único para Dilma no segundo maior colégio eleitoral do País. Agora, Pimentel será candidato ao Senado na chapa encabeçada por Costa.Trata-se, na prática, de uma intervenção do PT no diretório estadual, autorizada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O enfraquecimento de Pimentel coincide com o aumento de poder do time paulista no comitê de Dilma. Ganha força na equipe o grupo do deputado Antonio Palocci (SP) e da ex-prefeita Marta Suplicy. O deputado Rui Falcão é dessa ala e chefia a comunicação da campanha."Montamos uma chapa com condições de dar uma vitória expressiva a Dilma em Minas", argumentou o presidente do PT, José Eduardo Dutra. "É claro que os companheiros de Minas preferiam Pimentel como candidato, até porque ele ganhou uma prévia contra Patrus Ananias (ex-ministro do Desenvolvimento Social), mas agora temos a tarefa de unir o PT."Baixa. A rede de intrigas que envolve a campanha de Dilma já registrou uma baixa. No sábado, o jornalista e consultor Luiz Lanzetta - amigo de Pimentel e dono da Lanza Comunicação - desligou-se da equipe, no rastro da crise do dossiê. Foi acusado de tentar contratar o delegado aposentado da Polícia Federal Onézimo Sousa e outros arapongas para bisbilhotar Serra e o deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ), além de uma penca de petistas.O governo avalia que o escândalo não passa de "armação" montada por tucanos com personagens já conhecidos do submundo de Brasília. Para Dilma, Pimentel foi ingênuo quando não poderia ser e caiu numa "armadilha". Além disso, ela ficou irritada com a decisão do ex-prefeito de esticar a corda para ser candidato ao governo de Minas, pondo em risco a aliança nacional com o PMDB.Pimentel disse não ver problema em se dividir entre a campanha de Dilma e a sua, ao Senado. "Mas isso tem de ser discutido com a própria Dilma e os companheiros de Minas", ressalvou, demonstrando impaciência com perguntas sobre o assunto.Velório. O presidente do PT mineiro, deputado Reginaldo Lopes, não escondeu o aborrecimento. "Estou indo para um velório", disse ele, antes do anúncio da chapa. "Com a alma ferida, vamos fazer campanha para Hélio Costa, mas o PRB, o PR e o PSB vão embora, vão para o Anastasia", emendou, numa referência ao governador de Minas, Antonio Anastasia (PSDB), afilhado do tucano Aécio Neves.O PMDB quer agora que o PT ocupe a vaga de vice em Minas para Costa não ser "cristianizado". Patrus resiste a aceitar a missão, que pode cair no colo do deputado Virgílio Guimarães (PT).Dutra tentou amenizar o mal-estar na aliança e negou o afastamento de Pimentel. "Todo candidato majoritário tem de estar majoritariamente nos Estados. Esta é uma discussão bizantina." O acordo mineiro foi firmado na marra, após uma série de reuniões que contaram com a presença de Dutra e Dilma, além dos presidentes da Câmara, Michel Temer (SP), e do Senado, José Sarney (AP), às vésperas das convenções do PMDB e do PT, marcadas para sábado e domingo. "A simbologia dessa aliança é muito forte", resumiu Temer.As cúpulas dos partidos acertaram, ainda, que haverá dois palanques para Dilma em Santa Catarina e no Pará. No Maranhão, o PT vai anular o encontro que aprovou o apoio a Flávio Dino (PC do B) e liberar o voto. É uma forma velada de avalizar a reeleição de Roseana Sarney (PMDB).

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