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Pingos nos is: as contradições de Lula no Roda Viva

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente e candidato à reeleição Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deu entrevista nesta segunda-feira ao programa Roda Viva, da TV Cultura, e falou sobre vários assuntos. No próximo domingo, será a vez do candidato do PSDB, Geraldo Alckmin. Abaixo, algumas das contradições do petista. 1. Desvio para o superávit O que diz Lula... Que seu governo está em dívida com o País por ter desviado o dinheiro dos fundos setoriais de telecomunicações (Fust e Funtef) para fazer superávit primário, em vez de usá-lo nos programas de inclusão digital ... e a realidade O presidente dá a entender que o desvio ou contingenciamento do dinheiro dos fundos setoriais das telecomunicações é um caso isolado na execução do Orçamento Geral da União. Não é. Também foi desviado ou contingenciado o dinheiro dos fundos de Segurança Pública e Penitenciário, dos fundos de Ciência e Tecnologia e até do orçamento vinculado à Saúde. O Fundo Penitenciário, por exemplo, sofreu um corte de R$ 56 milhões de 2004 para 2005 (de R$ 147 milhões para R$ 91 milhões) 2. Privatizações O que diz Lula... Que não teria privatizado as empresas de telefonia. Critica a venda da Vale do Rio Doce e outras estatais ?a preço de banana? e diz que o dinheiro da venda das empresas públicas não pode ser usado para equilibrar as contas do Tesouro. Admite que o serviço telefônico melhorou depois da privatização ... e a realidade A opinião do governo Lula e do PT sobre as privatizações é, no mínimo, inconsistente e ziguezagueante. Em 2002, quando o candidato Lula lançou a Carta ao Povo Brasileiro, o PT parou de criticar as privatizações, arquivou a idéia de fazer auditoria nos leilões e desautorizou a proposta de reestatizar as empresas. Nos dois mandatos como prefeito de Ribeirão Preto (1993-1996 / 2000-2002), o petista Antonio Palocci privatizou a telefônica municipal (Ceterp) e parte do serviço de saneamento. O governo Lula privatizou o Banco do Estado do Ceará (Bec) e só não vendeu o IRB (Instituto de Resseguros do Brasil) porque o escândalo do mensalão atrapalhou os planos do Ministério da Fazenda 3. Carga tributária O que diz Lula... Que não aumentou impostos. Pelo contrário: aplicou à economia uma política de desoneração tributária setorizada ... e a realidade Segundo a Receita Federal, entre 2003, primeiro ano do governo Lula, e o final de agosto passado, a soma de todas as desonerações (R$ 22,8 bilhões) e dos impostos reajustados e coletados (R$ 26,4 bilhões) dá um saldo de R$ R$ 3,6 bilhões desfavorável aos contribuintes. O Orçamento para 2007, que está no Congresso, prevê um aumento de carga tributária federal de 17,24% para 17,41% do PIB 4. Déficit da Previdência O que diz Lula... Que a cada 10 ou 15 anos, a Previdência precisa ser repensada, não só no Brasil, mas no mundo todo ... e a realidade Este padrão de resposta vem sendo usado tanto por Lula como por Alckmin para os candidatos não se comprometerem com a necessária reforma da Previdência. Mas o governo Lula agrava o déficit porque na reforma de 2003 aprovou os fundos de previdência complementar para os novos servidores públicos, mas nunca regulamentou a medida. Resultado: cerca de 30 mil novos funcionários públicos civis foram admitidos e incorporados ao sistema de aposentadoria pré-reforma 5. Berzoini e o dossiê O que diz Lula... Que o presidente do PT e coordenador da campanha presidencial à reeleição, o deputado federal Ricardo Berzoini, deixou os dois cargos porque não ?sabia de nada? sobre ?quem ?fez a burrice? do dossiê Vedoin, uma ?sandice inominável? ... e a realidade Lula trata o dossiê como uma ?sandice? ou ?burrice? para desidratar a gravidade política do assunto. E o presidente só autorizou a saída de Berzoini das duas funções (coordenador da campanha e presidente do PT) depois que a imprensa (revista Época) revelou o envolvimento do deputado na operação de compra e divulgação do dossiê Vedoin. Em entrevista ao jornal O Globo, Lula disse o contrário do que afirmou ao Roda Viva, que não perguntou e nem pretende perguntar a Berzoini quem foram os autores da ?sandice burra? 6. Demissão de ministros O que diz Lula... Que os ex-ministros Antonio Palocci (Fazenda) e José Dirceu (Casa Civil) ?foram afastados? do governo, ?na medida em que a opinião pública julgou que eles não podiam ficar nos cargos?. Segundo Lula, ?eles viraram alvos de críticas, de especulações, de denúncias, e eu não poderia mantê-los no governo? ... e a realidade Outra afirmação ziguezagueante, o que prova que Lula só afastou os ministros por conta da pressão da opinião pública. Mas o presidente também já disse, em entrevista à TV Globo, que foi ele quem demitiu os ministros. Havia dito, antes, depois de chamá-los de ?amigos? e ?companheiros?, que eles se demitiram 7. Cortar gastos O que diz Lula... Que não tem onde cortar gastos públicos, que a oposição fala em cortes para reduzir o salário dos funcionários públicos e demitir ... e a realidade A questão mais importante não é cortar gastos, mas gastar bem. O governo Lula aumentou o custeio em detrimento dos investimentos públicos. Exemplo: nos três primeiros anos do governo Lula (2003-2005), o investimento médio na saúde, segundo dados do próprio Tesouro Nacional, foi menor do que o investimento médio nos três últimos anos do governo FHC (2000-2002): 1,83% do PIB contra 1,90% 8. Lulinha e a Telemar O que diz Lula... 8. Que (os negócios do filho, Fábio Luiz Lula da Silva, com a Telemar) ?foram muito investigados (pela CPI dos Correios) e não se chegou a nenhuma conclusão sobre irregularidades ... e a realidade A imprensa investigou os negócios de Lulinha com a Telemar. A CPI dos Correios, por causa de um acordo político envolvendo o próprio PSDB, não investigou nada. Na Polícia Federal, o inquérito está parado 9. Polícia Federal O que diz Lula... Que deu ordem à PF para, em todas as investigações, ?não deixar pedra sobre pedra? ... e a realidade A realidade é outra: todas as investigações de denúncias envolvendo diretamente o governo federal ou estão paradas ou caminham muito lentamente, sem a menor prioridadade. Até hoje, a PF não chegou a nenhuma conclusão, por exemplo, sobre o caso Waldomiro Diniz, que estourou em fevereiro de 2004

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