Vários pingüins com os corpos cobertos de óleo têm aparecido no litoral paranaense nas últimas semanas. Enfraquecidos e com risco de hipotermia, visto que o óleo desestrutura as penas e os deixa vulneráveis à perda de calor, eles procuram a praia, onde muitos acabam morrendo. Aqueles que conseguem ser resgatados têm sido levados para abrigos como o Centro de Estudos do Mar, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), instalado em Pontal do Paraná, para serem tratados das verminoses e terem as penas limpas com óleo vegetal e detergente neutro. Segundo o biólogo e chefe do laboratório de Ornitologia do centro, Ricardo Krul, nas últimas duas semanas foram resgatados cerca de 20 pingüins. "Noventa por cento deles estão chegando com óleo", disse o biólogo. Em outros anos, metade dos animais que chegavam à praia estavam com o corpo coberto de óleo. O restante procura a praia por estar enfraquecido em razão da viagem ou doente. De acordo com Krul, para cada animal que é recolhido vivo, há outros dez mortos na praia. Todos os anos os pingüins procuram as águas do sul do Brasil nesta época do ano. O biólogo disse que, durante o verão e a primavera, eles retornam à costa do Chile e da Argentina, onde se reproduzem. Quando o inverno atinge com rigor aquelas regiões, eles voltam a migrar para as águas brasileiras. A lavagem de tanques de navios petroleiros e troca de óleo de outros navios no oceano prejudica essa migração. "É uma poluição crônica tanto ou mais impactante que esses grandes derramamentos de óleo que temos visto", disse Krul.