Pintor mineiro diz que Lúcio tem um mundo ''abstrato, dinâmico e vibrante''

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Por João Domingos
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O garoto Lúcio Bianchetti gosta de descrever como pintou cada tela. As linhas retas de diversos quadros foram conseguidas com ajuda de fita crepe. Ele as fixa na tela, passa o pincel e as retira, trabalhando assim a simetria. As tortas, mais largas, são feitas com rolo de pintar parede sobre espaços totalmente preenchidos com cores fortes. ''Aqui, eu preguei uma fita; aqui, outra. Daí, consegui fazer uma cruz. Então, passei o pincel por cima e ficou assim'', descreve um quadro em que retas se cruzam. ''Neste aqui, pus laranja, vermelho, preto, azul, amarelo e, de novo, azul, para formar seis quadros'', narrou, mostrando outra tela. Essa fase de predomínio de linhas está passando. No momento, ele gosta mesmo é de lambuzar as telas. E de se lambuzar. Além de Pollock, Lúcio gosta do catalão Antoni Tàpies, tido por muitos como o mais importante pintor espanhol vivo. Aprecia principalmente os de largas linhas grossas que se cruzam, aparentemente sem nexo. Para seguir o mesmo caminho, Lúcio espalha a tinta com espátulas de pedreiro, deixando à mostra finos frisos. Omar Franco, pintor radicado em Brasília que analisou as telas de Lúcio, afirma que ''a combinação de cores primárias próximas umas das outras cria em nossa retina uma pintura invisível com as cores complementares''. Franco comentou também que Lúcio ''não economiza telas, tintas e espaço. Ele se apropria de grandes áreas com gestos largos. O movimento do seu corpo dá o compasso, e seu braço trabalha como um raio preciso, que corta a tela com pinceladas generosas, sem arrependimentos. O seu mundo é abstrato, dinâmico e vibrante''.

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