Pior temporal desde 1997 deixa nove mortos no Rio

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Por Agencia Estado
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Subiu para nove o número de mortos no temporal que atingiu o Rio ontem à noite. Hoje pela manhã, mais dois corpos - os de Maria Ivonete de Souza e Cláudio Henrique Chaves Mourão - foram encontrados no estacionamento de um shopping, além dos quatro retirados na sexta-feira. Às 6h45, uma casa desabou em Inhaúma, na zona norte, matando Iara de Oliveira Napoleão, de 80 anos. Em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, um segurança morreu eletrocutado ao pisar num fio de alta tensão derrubado pelo temporal. O corpo de um homem, que caiu no Rio Gamboa, em São Gonçalo, também foi encontrado. Essa foi a maior chuva que atingiu o Rio desde 1997, disse o coordenador da Defesa Civil Municipal, coronel João Carlos Mariano. Em alguns pontos da cidade, o índice pluviométrico ultrapassou os 100 milímetros. Na Penha, onde foi registrada a situação mais dramática, com seis afogados no estacionamento subterrâneo de um shopping, o índice atingiu 103 mm. Um canal transbordou nas proximidades do centro de compras e invadiu as ruas. O estacionamento ficou submerso em apenas dois minutos, depois que o portão de ferro foi destruído pela enxurrada. A água atingiu o teto da garagem, a uma altura de 2,20 metros. Mergulhadores do Corpo de Bombeiros, com auxílio de botes, retiraram os corpos das vítimas. ?Duas das vítimas estavam ao volante, provavelmente aguardando a chuva passar. As outras tentaram proteger-se da chuva. Foi uma fatalidade?, afirmou o coordenador da Defesa Civil Estadual, coronel Carlos Alberto de Carvalho. Havia a possibilidade ainda de alguns dos mortos terem sido arrastados da rua para o estacionamento pela força das águas. O coronel João Carlos Mariano interditou o shopping na manhã deste sábado por precaução. ?Não descarto a possibilidade de os pilares terem sido afetados?, disse. Hoje o dia foi de trabalho para livrar as ruas dos estragos do temporal -calçadas cobertas de lama, casas parcialmente destruídas, carros empilhados nas ruas ou arrastados para rios e canais, garagens inundadas. Em Niterói, 52 carros ficaram submersos na garagem de um condomínio no bairro do Fonseca. No Hospital Geral Getúlio Vargas, na Penha, a emergência foi fechada e funcionários começaram ontem a fazer a desinfecção do setor. As calhas do hospital não deram vazão à quantidade de chuva que começou a escorrer pelas paredes. A água da rua entrou no hospital chegando a 50 cm de altura. Arrastões O Palácio do Catete, sede da presidência da República até 1960 e onde funciona o Museu da República, foi invadido pela lama. Todo o primeiro andar, onde não há obras históricas, a cafeteria, cinemas e setor administrativo foram inundados. A água chegava pela rua e pelos ralos. Nem o jardim escapou. A água da chuva que alagou a Rua do Catete, atravessou o museu e despejou lixo e lama no gramado projetado pelo paisagista Paul Villon, em 1897. ?As galerias pluviais estão entupidas. Isso é muito grave em qualquer lugar, mas é muito mais grave perto de um prédio histórico, tombado?, afirmou o diretor do Museu, Ricardo Vieralves. Além dos transtornos causados pelo temporal, os motoristas que ficaram presos em engarrafamentos na Avenida Brasil tiveram de enfrentar ainda arrastões. O serviço de relações públicas da PM distribuiu nota informando que houve ?fatos isolados? e que nove carros da corporação ficaram em áreas alagadas da via com giroscópios ligados para coibir a ação de assaltantes. Hoje, voltou a fazer calor. Mas o Corpo de Bombeiros alertou que o banho de mar deve ser evitado por 72 horas, por causa do lixo e das gigogas - plantas aquáticas que se proliferam por causa da poluição - levados para as praias pela enxurrada. Mais chuva Apesar do sol, a previsão do Instituto Nacional de Meteorologia é de mais chuva para o Rio até a madrugada de terça-feira. ?Houve um conjunto de fatores que provocou o temporal. Vinte dias sem chuvas, a temperatura e umidade relativa do ar elevadas fizeram com que a atmosfera adquirisse muita energia, por isso tanta trovoada e relâmpago. O que deveria ter chovido em 20 dias, acumulou e caiu de uma vez, em mais ou menos duas horas?, afirmou a meteorologista Marlene Leal, do Inmet.

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