Pista ficará fechada pelo menos até amanhã

Para presidente da Infraero, PF ?atrasou tremendamente? a perícia na via principal de Congonhas e que chuvas impediram recapeamento; polícia nega

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Por Tania Monteiro e Camilla Rigi
Atualização:

A pista principal do Aeroporto de Congonhas permanecerá fechada pelo menos até amanhã. A expectativa da Infraero é que ela esteja totalmente recuperada para voltar a operar na manhã de quinta-feira. O presidente da estatal, brigadeiro José Carlos Pereira, disse ontem que as fortes chuvas impediram a conclusão do recapeamento no prazo previsto. É preciso tapar os 14 buracos de 20 centímetros de largura cada ao longo da pista principal, abertos pela Polícia Federal durante a inspeção para a realização da investigação do acidente, ordenada pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, a pedido do presidente Lula. No início da tarde, o brigadeiro disse que preferia não dar data para a reabertura para não cair no mesmo erro que cometeu anteontem, ao anunciar a abertura da pista para hoje. "Infelizmente, havia confirmado isso, mas a Polícia Federal atrasou tremendamente a perícia deles. A pista está muito esburacada e resolvi que ela vai ficar fechada por tempo indefinido até que termine a perícia, fique tudo limpo e pare de chover." Desde o acidente com o Airbus A320 da TAM, na noite do dia 17, a pista está interditada para perícia da PF e da Aeronáutica, e o aeroporto só opera com a pista auxiliar. A PF negou que tenha atrasado seu cronograma, pois nem havia um, e informou que todos os buracos já foram fechados, mas que é necessário esperar o tempo de cura do pavimento. A opinião das empresas aéreas bate de frente com a previsão da Infraero. Ontem elas encaminharam à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) uma proposta para que a pista principal permaneça interditada até que o grooving esteja pronto. Para as companhias, isso permitiria que a previsão de término das obras fosse antecipada de 20 de setembro para 20 de agosto. "Em vez de abrir de manhã e fechar à noite, a pista ficaria interditada até que tudo estivesse pronto", disse um representante do setor. O projeto foi encaminhado à Infraero. Ontem, o governo decidiu destinar mais R$ 2 bilhões, além dos R$ 3 bilhões já previstos, para a construção e recuperação de aeroportos, dentro do Programa de Aceleração Econômica (PAC). Esses recursos serão principalmente para resolver os problemas de São Paulo, que terá de ter uma terceira pista em Guarulhos ou iniciar o processo de licitação de um novo aeroporto. Para este ano, estavam previstos R$ 878 milhões, mas o dinheiro não está sendo liberado. Pereira rejeitou, mais uma vez, a hipótese de fechamento completo de Congonhas, como pede o Ministério Público de São Paulo. E deve entregar hoje à Justiça as alegações da Infraero. "O que vamos fazer com 20 milhões de passageiros?" Segundo o brigadeiro, com as novas regras, neste ano Congonhas vai deixar de receber 3 milhões de passageiros. Ele reconhece que a redistribuição dos vôos vai aumentar os custos das empresas e as passagens. "O passageiro vai ter de pagar mais caro pela segurança dele."

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