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Pitanguy conta detalhes sobre seus 45 anos de bisturi. Sem dar nomes

Autobiografia, que será lançada na segunda-feira, traz memórias e conselhos do maior cirurgião plástico do País

Por Marcia Vieira
Atualização:

O mais famoso cirurgião plástico do Brasil resolveu abrir o baú. Na segunda-feira, Ivo Pitanguy lança pela Nova Fronteira sua autobiografia, Aprendiz do Tempo. Além de contar a infância em Belo Horizonte, os estudos no Rio, Estados Unidos, França e Inglaterra, ele descreve casos de pacientes - geralmente famosos - que passaram por sua clínica em 45 anos de funcionamento. Sem, porém, revelar nomes. Ele não conta, mas se sabe que já operou Sophia Loren, Gina Lollobrigida, Ursula Andrews, o rei Hussein, da Jordânia, a imperatriz Farah Diba, a princesa Stéphanie de Mônaco, o piloto de Fórmula 1 Niki Lauda, além de celebridades nacionais, como Sônia Braga, Vera Fischer e Marta Suplicy. "As pessoas me procuram e pedem coisas que eu não vou poder atender. Ouço e tento ajudar de alguma forma. Não operando, mas encaminhando a tratamento psicológico, por exemplo." A última moda é boca à Angelina Jolie, carnuda, exuberante. "A Angelina é uma mulher bonita, mas da boca eu não gosto. Fazer boca grande com enchimento fica feio. A boca polpuda fica bonita quando os traços combinam uns com os outros." Aos 80 anos, Pitanguy continua operando três vezes por semana em sua clínica em Botafogo, zona sul do Rio. Toda semana, vai à Santa Casa, onde há 47 anos fundou o serviço de cirurgia plástica e reparadora para carentes. Conta que já ouviu de tudo no consultório. Houve época em que a paranóia das mulheres era tirar, a qualquer custo, o maldito culote, aquele excesso de gordura nas coxas. Pitanguy inventou até técnica especial. "Não sei o que surgiu primeiro: o jeans ou o culote", brinca. O fato é que as mulheres só começaram a se preocupar com isso quando o jeans entrou na moda. Hoje a grande procura é pelo rejuvenescimento facial. "A lei da gravidade é implacável. Mas o que podemos fazer é atenuar os traços da idade." Seu ícone de beleza é a amiga Tônia Carrero. "Ela é linda e se manteve bonita ao longo dos anos porque sabe viver com equilíbrio cada fase." Pitanguy acredita que, com a evolução das pesquisas com células-tronco, será possível permanecer jovem por muito mais tempo. "A primeira utilidade da pesquisa de célula-tronco para a cirurgia plástica seria a substituição de órgãos, a melhora nas condições da pele e minimizar os efeitos da idade com uma célula nova. No futuro imediato, nós poderemos realizar o antigo sonho da juventude eterna", arremata. Um dos capítulos mais impressionantes do livro é o que narra o incêndio do Gran Circo Norte-Americano, em 17 de dezembro de 1961, em Niterói. Cerca de 500 pessoas morreram e centenas ficaram feridas. Pitanguy montou uma equipe de médicos em Niterói para os primeiros socorros. "Ainda hoje soam em meus ouvidos os gemidos e os lamentos das vítimas", lembra. Para o cirurgião não há diferença entre um paciente que precise de cirurgia reparadora, caso dos queimados, daquele que recorre ao bisturi por pura vaidade. Pitanguy diz que um dos seus maiores prazeres é ensinar o que aprendeu. Todos os anos faz um disputado concurso para médico residente em seu centro de estudos. Neste ano, são oito vagas, disputadas por mais de 150 cirurgiões. No livro, ele conta algumas das suas regras básicas para uma carreira bem-sucedida. Ensina, por exemplo, que "o cirurgião deve desconfiar dos modismos". E, principalmente, deve desconfiar das fotografias de celebridades que, às vezes, os pacientes levam para a consulta para ilustrar seu desejo. "O paciente pede o nariz da Elizabeth Taylor, mas, inconscientemente, quer também tudo o que acompanha aquele nariz. " Milagre, o cirurgião não faz. Nem mesmo Ivo Pitanguy.

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