Pivô do caso dos sanguessugas deu ônibus a governador

Segundo a PF, veículo foi doado pelos Vedoin à Clínica Santa Rita, de Macapá, pertencente a Pedro Paulo

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Por Vannildo Mendes e BRASÍLIA
Atualização:

A empresa Planam, da família Vedoin, de Mato Grosso, pivô do escândalo dos sanguessugas, doou um ônibus de propina à Clínica Santa Rita, de Macapá, pertencente ao governador do Amapá, Pedro Paulo Dias (PP), preso na Operação Mãos Limpas, da Polícia Federal, e ao irmão dele, o deputado Benedito Dias, atual secretário especial do governo. O veículo foi apreendido no final de 2009 pela Polícia Federal e está recolhido como mais uma prova na extensa ficha do governador amapaense, que esta semana teve sua prisão temporária prorrogada por mais cinco dias pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).O relatório da investigação, ao qual o Estado teve acesso, revela que, após a eclosão do escândalo, em 2006, houve tentativa de ocultação do veículo, só localizado em novembro de 2009, em uma fazenda no interior do Pará. O empresário Erik Jansen, um dos presos na operação Mãos Limpas, era assessor de Benedito e intermediou a aprovação de emendas para compra de ambulâncias da Planam por municípios amapaenses, em troca de propina. Jansen já havia sido preso nas Operações Pororoca e Sanguessuga, que desmantelou a máfia das ambulâncias, esquema de compra superfaturada de ambulância por prefeituras.Emendas. Em depoimento à polícia, o empresário Luiz Antônio Vedoin declarou que, em 2001, realizou acordo com Benedito, a quem prometeu uma comissão sobre o valor das emendas que destinasse no Orçamento da União para a compra de ambulâncias. Em 2002, Benedito fez sua parte inserindo emendas do tipo aos municípios de Cutias, Mazagão, Santana e Itaubal. O veículo, segundo a Polícia Federal, foi parte da comissão.Em outro trecho do inquérito, a Polícia Federal detalha o modus operandi do presidente do Tribunal de Contas do Amapá, José Júlio de Miranda Coelho, também preso na operação, para desviar recursos públicos. Entre janeiro de 2005 e julho de 2007, ele fez saques irregulares da conta bancária do tribunal de R$ 7,5 milhões. Não há prestação de contas. A PF desconfia que o dinheiro foi engordar o patrimônio de Coelho e outros conselheiros do tribunal, todos nomeados por indicação política.

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