
02 de agosto de 2011 | 00h00
Às vésperas do discurso do senador Alfredo Nascimento (PR-AM), mesmo com a promessa de que ele vai apenas defender o partido, o governo deu mostras de estar preocupado com o que o ex-titular do Ministério dos Transportes poderá dizer. Tanto é que a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) chamou ontem ao Palácio do Planalto o líder do PR na Câmara, Lincoln Portela (MG), e o ex-líder Luciano Castro (RR).
Ideli disse aos deputados que, conforme prometido pelo ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral), "não haverá caça às bruxas e o PR é um dos parceiros preferenciais do governo". Portela e Castro disseram a Ideli que o discurso de Nascimento será apenas "protocolar" e de defesa de imagem.
Nas últimas semanas, o ex-ministro mandou recados para o governo de que está "sofrendo" com o processo "injusto". Disse que a demissão do cargo trouxe prejuízos "irreparáveis" à sua candidatura à Prefeitura de Manaus, em 2012.
Para garantir a tranquilidade da presidente Dilma Rousseff, ministros da área política do governo reforçaram o pedido a interlocutores no Senado para acalmar o ex-ministro. Nas últimas semanas, Dilma afastou 22 pessoas no setor dos Transportes, a maioria ligada ao PR, por suspeitas de participar de esquema de propina.
Ontem, no palácio, Portela reforçou que o PR é aliado do governo. Minimizou as críticas que fez recentemente ao Planalto e chegou a elogiar a imprensa pelas reportagens com denúncias envolvendo nomes do seu partido. "A imprensa tem feito um excelente trabalho", afirmou. "Somos base do governo e continuamos na base, vamos fazer nosso trabalho."
A promessa é de que hoje, na tribuna do Senado, Nascimento não atacará o governo, mas apenas fará a defesa do PR - partido do qual é presidente. Defenderá seus atos e os dos antigos subordinados no ministério, no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e na Valec, responsável por ferrovias. Afirmará a legalidade das ações à frente da pasta tanto no atual governo quanto no do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Deverá dizer ainda que nada do que fez pode ser condenado, até porque o atual titular, Paulo Passos, era seu secretário executivo.
"Será um pronunciamento sem raiva, sem ira, uma explicação de tudo o que aconteceu", afirmou Portela, líder da bancada do PR na Câmara.
ALIADOS QUE TAMBÉM CAÍRAM
Mauro Barbosa
Chefe de gabinete
Luís Tito Bonvini
Assessor do gabinete
Wilson Wolter Filho
Assessor especial
Darcy Michiles
Secretário de Fomento para Ações de Transportes
Maria das Graças
Coordenadora da Comissão de Análise Técnica
Estevam Pedrosa
Subsecretário de Assuntos Administrativos
Mauro Sérgio Almeida Fatureto
Coordenador de Administração Geral do Dnit
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