Como está o saneamento e o abastecimento no País?
Nós (grupo da Universidade Federal de Minas Gerais) ajudamos o governo federal na elaboração no Plano Nacional de Saneamento Básico. O atendimento ainda é desigual e há regiões mal atendidas, como a área rural. É uma das grandes mazelas sociais, que vai precisar de prioridade do governo, pois não é necessário apenas recurso para execução de obras. Os serviços têm de ser estruturados para fazer uma boa gestão. De outra forma, as obras não cumprem o seu papel.
O que o senhor acha das críticas da ex-relatora à crise hídrica no Estado de São Paulo?
Eu tenho a impressão de que o que ela disse ficou um pouco distorcido, mas não deixa de ter razão, que poderia ter tido um planejamento. Um planejamento adequado deve prever que o clima está mudando, (pois) é possível fazer projeções e fazer medidas para minimizar os problemas. O Brasil tem essa cultura de pensar nos problemas depois que eles acontecem. A população não precisa pagar por isso. E quem sempre paga são os mais pobres. Eles são os mais punidos.
Quais serão suas prioridades nesse cargo da ONU?
A minha ideia básica é empregar esse acúmulo que tive na vida profissional (com água e saneamento) para sugerir medidas para os países tanto no campo tecnológico quanto no de políticas públicas. O relator tem dois papéis fundamentais: denunciar violações e fazer algo mais construtivo, de instruir os países e de encontrar boas práticas na área.