Plano do PCC incluía até explodir helicópteros

Há um ano e meio, Águia da PM tem sido usado em operações da polícia na Favela Simioni, em Ribeirão Preto, o que vem irritando a facção

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Por Rodrigo Pereira e Brás Henrique
Atualização:

O pesado armamento do Primeiro Comando da Capital (PCC), que foi apreendido ontem em Pradópolis, no interior paulista, já tinha alvos certos. O lança-foguetes, por exemplo, seria usado contra o helicóptero Águia da Polícia Militar de Ribeirão Preto. Segundo a PM, há um ano e meio o aparelho dá apoio às operações terrestres da polícia e, por várias vezes, fez vôos rasantes na Favela Simioni, na periferia de Ribeirão - o que incomodou traficantes locais. "Esses explosivos e armamentos serviriam ainda para uma onda de atentados em São Paulo", confirmou o delegado Fernando Francischini, chefe do Departamento de Repressão a Entorpecentes (DRE) da Polícia Federal da capital. "Também poderia ser usado contra carros-fortes, nos assaltos a bancos da facção criminosa", completou o delegado Edson Geraldo de Souza, da PF de Ribeirão Preto. De acordo com o superintendente paulista da corporação, Jaber Makul Hanna Saadi, a operação que prendeu duas pessoas, drogas e um arsenal criminoso foi iniciada pela Aeronáutica. Coube aos militares rastrearem o vôo da aeronave com a droga e os armamentos, desde o Paraguai, e repassar as coordenadas à polícia estadual. "Em um determinado momento eles passaram a voar muito baixo e aí fugiram dos radares e as equipes em terra entraram em ação", relatou Souza. Rapidamente, ele mobilizou 50 policiais federais e PMs, que se dividiram em seis equipes, que atuaram em diferentes partes da região de Ribeirão Preto. De acordo com a PF, a aeronave pousou em uma pista clandestina, no meio de um canavial, próximo da cidade de Pradópolis. Em poucos minutos, antes mesmo de a polícia chegar, tudo foi descarregado e camuflado na plantação. "A remessa (de drogas e armamentos) era parte de uma reestruturação do PCC, depois de vários baques que eles tomaram da polícia de São Paulo", afirmou Franceschini. Saadi considerou a operação um sucesso, apesar de não conseguir abater a aeronave que trouxe as drogas e o arsenal nem prender o piloto. "Nossa opção foi pegar e o pessoal em terra, para termos a materialidade da prova. Se vissem que estávamos para abater o avião, eles poderiam arremeter e a operação fracassar", explicou o chefe do DRE. TRÁFICO INTERNACIONAL O superintendente da PF afirmou ter provas cabais de que tanto a droga quanto o armamento eram do PCC. "Não existe separação (droga para um cliente e armas para outro)." Saadi disse que a única dúvida no caso é se a mercadoria era uma encomenda do PCC ou se a facção teria estendido a atuação até o Paraguai e a Bolívia e ingressado de vez no tráfico internacional de drogas e armas.

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