''''Plugados'''' invadem prédio da Bienal

Encontro que vai até domingo no Ibirapuera tem até barracas para aficionados por computador de todo o mundo

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Por Bruno Paes Manso
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Os longos cabelos do soteropolitano Felipe Assis, de 20 anos, passam do meio das costas e lembram o visual do público de festivais de rock dos anos 60, como Woodstock. Aficionado por computador, ele atualmente desenha imagens em 3D de personagens históricos da Revolução Francesa, como Robespierre e Marat, para criar um jogo voltado para estudantes. Felipe foi um dos fanáticos por tecnologia que baixaram ontem, com CPUs e laptops embaixo do braço, na Campus Party, evento que reunirá mais de 3 mil pessoas até domingo no Pavilhão da Bienal, no Ibirapuera. No festival, ele vai literalmente acampar nas barracas montadas pela organização para participar de oficinas especializadas e aproveitar a velocidade da conexão com a internet, 625 vezes superior ao máximo que um serviço de banda larga oferece no Brasil, de 8 megabits por segundo. "A droga da galera hoje são os joguinhos de computador." Longe de agrupar programadores branquelos e com espinhas, a imagem estereotipada do "nerd", o Campus Party, evento que já é realizado desde 1997 na Espanha e que tem agora sua primeira versão em São Paulo, reúne uma fauna diversificada. São artistas, desenhistas de imagens em 3D para jogos eletrônicos, músicos que só sabem tocar o teclado do computador, blogueiros-poetas, jogadores e programadores. "É possível encontrar de tudo, desde o fã da trilogia do Senhor dos Anéis ao DJ de música eletrônica", disse o espanhol Augusto Torres, de 28 anos, técnico de sistema que veio de Valência para participar do encontro e conhecer São Paulo. "Se quem ficavam horas na frente do computador eram nerds, hoje eles são plugados. O mundo mudou", afirma Conrado De Biazi, de 35 anos, que trabalha com planejamento e infra-estrutura de tecnologia desde 1995. Ele se define como um "escovador de bits", o micreiro que perde horas para decifrar os segredos da máquina e de seus programas. Desde a internet, ampliou seus interesses. Descolado, aprende design de móveis e a tocar bateria pelo computador. "Antes, o micreiro vivia isolado. Hoje ele pode conhecer diversas pessoas e trocar informações." No primeiro dia, o Campus Party teve a participação até do tenente do Exército Pedro Procópio de Castro, do Centro de Instrução de Blindados de Santa Maria (RS), que fez uma exposição de um software simulador de carros de combate usado no treinamento de soldados. Ele dividiu o espaço com jovens como o brasiliense Pablo Emilio, de 19. Com visual parecido com o do guitarrista Lenny Kravitz, Pablo tem um blog de poesias e veio do Distrito Federal para conhecer pessoas. Já na fila de entrada, encontrou um amigo virtual de Joinville (SC). "Computador hoje é inclusão, interatividade. Não tem nada de nerd. Quem acha isso são os mais velhos, que ainda não entenderam esta geração."

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