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PM acusado de matar no trânsito

Cabo teria reclamado da baixa velocidade do carro e atirado no motorista e no filho dele, que acabou morrendo

Por Camilla Haddad
Atualização:

Um policial militar foi preso acusado de disparar tiros que mataram um rapaz e feriram mais duas pessoas após uma briga de trânsito, na segunda-feira à noite, no Jardim Santo André, na zona leste de São Paulo. William Santos Ferreira, de 20 anos, estava no banco do passageiro de um Elba preto e foi atingido com um tiro no peito. Outras duas pessoas, da família da vítima e que também estavam no carro, ficaram feridas. Acusado de ter feito os disparos, o cabo da PM Valdir Fantinati, de 44, que estava em um Uno, está sob averiguação preventiva na Corregedoria da Polícia Militar. Fantinati trabalha no setor administrativo do 38º Batalhão da PM, na região de São Mateus, na zona leste. Até o início da noite de ontem não havia informações oficiais sobre o teor da briga. Na vizinhança do bairro, Fantinati é tido como ''''terrorista''''. De acordo com testemunhas que assistiram à cena, eram 21 horas quando Fantinati tentava ultrapassar o Elba, que levava cinco pessoas. Ele estava irritado porque o carro, por ser antigo, estava em baixa velocidade e causava trânsito na avenida. O policial, então, teria emparelhado seu carro com o Elba e ordenado que o motorista descesse. O ajudante geral Jonas Brito Ferreira, de 41 anos, obedeceu e levou o primeiro tiro. Ele corre risco de ficar paraplégico. O filho de Brito, William, saiu do carro e se jogou na frente do pai. O primo, o pedreiro Reginaldo Souza Santos, de 33, também foi ferido no ombro. Os ajudantes gerais Aparecido Silveiro, de 42, e Adriano Silva, de 25, conseguiram fugir dos tiros. Ontem, uma mulher que mora em frente ao local da discussão e não quis se identificar contou à reportagem que o policial chegou a dizer a Jonas Brito que não discutisse, pois ele tinha uma arma. ''''Em seguida, ele (policial) saiu atirando. Foi uma cena horrível. Brito e o filho ficaram caídos até uma viatura chegar para prestar socorro. Ainda de acordo com a mulher, o acusado fugiu. ''''Esse policial, quando está à paisana, aterroriza os moradores. Todos abaixam a cabeça para ele.'''' Um senhor afirmou que o policial já deu vários tiros para cima em brigas de trânsito. Uma outra mulher disse que tem medo do policial. ''''Ele mora aqui no nosso bairro. Passa com cara de bravo, acelera o carro. E sempre fica impune'''', diz. Apesar de boa parte dos moradores do Jardim Santo André afirmarem que Fantinati causa pavor, seus colegas do 38º Batalhão negam. Soldados e cabos ouvidos pelo Estado disseram que ele é um policial ''''exemplar'''' e nunca se envolveu em ocorrências. Fantinati é casado e pai de dois adolescentes. No fim da tarde de ontem, a Secretaria de Segurança Pública afirmou que Fantinati se apresentou à polícia ainda na noite de segunda-feira. Com ele, estavam duas pistolas que o policial disse ter achado no chão na Avenida dos Sertanistas. Ele disse que as armas pertenciam aos ocupantes do Elba. As pistolas foram para perícia. Segundo a família de William e dos outros passageiros do Elba, nenhum deles tem passagem pela polícia. Eles apenas voltavam para casa depois de mais um dia de trabalho.

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