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PM acusado por chacina vai a júri e se diz inocente

Um júri popular vai decidir se o policial tem culpa no assassinato de 29 pessoas, ocorrido nos municípios de Nova Iguaçu e Queimados, em 31 de março de 2005

Por Agencia Estado
Atualização:

Começou nesta segunda-feira, 21, o julgamento do policial militar Carlos Jorge Carvalho, um dos acusados pela chacina da Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro. Julgado pelo assassinato de 29 pessoas, ocorrido nos municípios de Nova Iguaçu e Queimados, em 31 de março de 2005, Carvalho se declarou inocente. O julgamento deve durar três dias. Ao ser interrogado pela juíza Elizabeth Louro, Carvalho declarou inocência. Ele disse que, ao contrário do que foi provado durante a investigação policial, não havia sangue das vítimas no carro que ele pegara emprestado e usara no dia do crime. Questionado a respeito da contradição com relação a depoimentos anteriores, o soldado afirmou: "O depoimento verdadeiro é o de hoje". Parentes de Carvalho assistem à audiência lado a lado com parentes de vítimas da chacina que ocupam o maior número de lugares no plenário. A presença de familiares do PM não constrange Ana Paula da Silva, que perdeu o irmão e o primo na chacina. "Eles estão em menor número. O sangue do meu irmão foi achado na jaqueta e no sapato dele. Como podem dizer que esse homem é inocente?", afirmou. A mulher de Carvalho, a dentista Lília Ramalho Fontes, exibe numa camiseta uma reprodução da ficha policial de Carvalho, que demonstra que ele era bom policial. "Quando você vê o retrato falado dos acusados, percebe que meu marido não tem nada a ver com eles. Esse processo está cheio de falhas", disse Lília, que assiste à sessão ao lado do sogro, Almir de Freitas Carvalho. Cerca de 30 pessoas, a maior parte formada por parentes das vítimas da chacina, se reuniram na manhã desta segunda em frente ao local do julgamento, o Fórum de Nova Iguaçu, para a realização de um culto. Outras 20 pessoas, em um grupo formado por parentes e amigos do policial, também estão no local vestidos com uma camisa na qual se lê "Carlos, temos certeza de sua inocência". Carvalho é apenas o primeiro réu a ser julgado de um grupo de sete policiais. Os demais deverão ser julgados em seis meses, porém ainda não se sabe se juntos ou separadamente. Pior chacina do Rio No dia 31 de março de 2005 o Rio de Janeiro registrou a pior chacina já ocorrida no Estado. Por volta das 20 horas, 29 pessoas foram assassinadas a esmo nos municípios de Nova Iguaçu e Queimados. Quatro deles eram adolescentes que jogavam fliperama em um bar de Nova Iguaçu e apenas duas vítimas tinham antecedentes criminais. Onze policiais militares foram denunciados pelo Ministério Público Estadual. Quatro deles foram declarados inocentes no último dia 23 de fevereiro, por decisão da juíza Elizabeth Machado Louro, da 4ª Vara Criminal de Nova Iguaçu. A magistrada ordenou a libertação dos PMs Maurício Jorge da Matta Montezano e Sedmar Gomes. Eles haviam sido presos porque uma testemunha afirmou que eles recolheram cápsulas no local do crime, mas o MP apurou que eles foram aos locais da chacina por ordem do comandante do batalhão. Os outros dois policiais livrados das acusações são Walter Mario Tenório Mariotini Valim e Marcelo Barbosa de Oliveira, que já estavam soltos desde o ano passado. Na mesma decisão, além de Carvalho, a juíza considerou que havia indícios da participação de mais quatro policiais nos assassinatos: José Augusto Moreira Felipe, Fabiano Gonçalves Lopes, Júlio César Amaral de Paula e Marcos Siqueira Costa. Todos eles irão a júri sob acusação de terem cometido 29 homicídios, uma tentativa de homicídio e formação de quadrilha. Dois policiais, Gilmar da Silva Simão e Ivonei de Souza, responderão apenas por formação de quadrilha. Matéria atualizada às 12h30

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