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PM baiana usa câmeras em passeata contra ACM

Por Agencia Estado
Atualização:

Cerca de três mil manifestantes invadiram as ruas do Centro Histórico da capital baiana hoje, em mais um ato pedindo a cassação do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). Depois da repercussão negativa da manifestação de quinta-feira, quando estudantes foram espancados pela Polícia Militar, desta vez a PM acompanhou de longe e trocou o cassetete e as bombas de gás lacrimogêneo por uma outra arma, câmeras de vídeos instaladas no percurso da passeata. A inédita espionagem, revoltou os manifestantes, que cobriram uma das lentes com a bandeira do PC do B. Convocados pelos partidos de oposição, sindicatos e entidades estudantis, as pessoas começaram a chegar no Largo de São Bento, em frente ao mosteiro, por volta das 15 horas. Num carro de som da Central Única dos Trabalhadores várias lideranças defenderam a cassação de Magalhães. "O Senado vai estar libertando a Bahia, cassando ACM", disse um deles. Outro prometeu manifestações todos os dias em Salvador até Magalhães ser cassado. Um boneco de "judas", caracterizado com a cara do pefelista apareceu no momento que os manifestantes notaram a câmera de vídeo instalado pela Secretaria de Segurança Publica num poste do Largo de São Bento. "Essa câmera deve estar ligado no gabinete de algum puxa-saco de ACM. É muita falta de vergonha", protestou do microfone, Everaldo Augusto, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT-BA), lembrando ser um equipamento comprado com o dinheiro dos impostos. Irritado, um militante estudantil subiu no carro de som e depois de várias tentativas, conseguiu inutilizar o equipamento, enrolando nele uma bandeira do PC do B. Pouco antes da saída da passeata, Everaldo Augusto registrou que a TV Bahia, de propriedade da família de Magalhães e retransmissora da Globo não havia enviado nenhuma equipe para cobrir o evento, como ocorrera na manifestação de quinta-feira. Contudo, informou que a Rede Globo havia contratado duas equipes de cinegrafistas para registrar a passeata. Além disso, equipes de TV da assessoria de comunicação do governo do Estado e prefeitura de Salvador também apareceram. "Vamos respeitar o trabalho dos companheiros", pediu o sindicalista para evitar qualquer ato de violência contra os cinegrafistas da Globo. Logo depois, a passeata começou com uma imensa faixa pedindo a punição a ACM e ética na política seguindo na frente levada pelas deputadas estaduais Alice Portugal (PC do B) Moema Gramacho (PT) o vereador Emiliano José (PT) e outras lideranças políticas. Proliferaram cartazes no mesmo tom. Um deles atacou os famosos que defenderam o mandato de ACM: "Zélia (Gattai, escritora) e Gal (Costa, cantora) são falsas baianas". Veículos da Policia Militar e Secretaria de Transportes do Município foram na frente abrindo caminho e tentando ordenar o tráfego. Vários boatos circularam entre os manifestantes. Um deles dizia que a Tropa de Choque não permitiria que a passeata invadisse o Pelourinho. Outra dava conta que PMs à paisana iriam atirar ovos e urina de um dos casarões do Centro Histórico nos manifestantes. Nada disso ocorreu. Em frente à Câmara Municipal, onde a polícia instalou outra câmera, estudantes e sindicalistas resolveram queimar, o "judas baiano" que teria traído a ética. Após um breve parada, seguiram cantando palavras de ordem em direção à Ladeira do Pelourinho. Por pouco a passeata não passa no momento em que um técnico acabava de instalar mais uma câmera, num poste situado na entrada do Terreira de Jesus, em frente à Catedral Basílica. Os manifestantes chegaram ao Largo do Pelourinho às 17 horas, pulando e gritando, "o pelô é nosso", tudo registrado por mais uma câmera de vídeo, instalada numa das sacadas do casarão onde funciona Escola Azevedo Fernandes. Vários policiais estavam posicionados ao longo da ladeira, mas só observavam. A Tropa de Choque não apareceu e os manifestantes puderam descarregar todas as palavras de ordem e ofensas a ACM. Mesmo diante das evidências, o chefe da assessoria de Comunicação da PM baiana, coronel Silva Ramos negou que as câmeras de vídeo foram instaladas para espionar os manifestantes. "Está havendo muito assalto relâmpago no centro, em caixas eletrônicos, e a Secretaria de Segurança resolveu instalar as câmeras", disse, sem explicar porque somente hoje o equipamento foi colocado e exatamente no percurso da passeata. O sistema de câmeras de vídeo da polícia baiana é usado para combater a violência no carnaval. Várias são espalhadas pelas ruas onde a festa ocorre e através de monitores na sala central de recepção de imagens que funciona na Secretaria de Segurança é possível identificar marginais e agressores. Agora a polícia baiana arrumou uma nova utilização para o equipamento.

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