PM combate crime com música

Projeto de soldado funciona no Parque Villa-Lobos

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Por Redação
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Duas vezes por semana a soldado Renata Bonfim, de 38 anos, da 1º Companhia do 23º Batalhão da Polícia Militar deixa as obrigações de policial para assumir o violão e o papel de professora, no Parque Villa-Lobos, zona oeste da cidade. Criadora do projeto Criança Musical, que desde julho de 2003 desenvolve atividades culturais com jovens carentes da região, Renata decidiu combater a criminalidade com música. "Trabalhando no policiamento do parque, eu observava as crianças pedindo esmolas nos semáforos do entorno e, para evitar que elas se aproximassem da criminalidade, comecei a convidá-los para aulas de música", diz a soldado, que aprendeu a tocar violão, baixo, bateria e percussão em casa. Formada em Pedagogia e ex-professora, Renata calcula que 350 crianças já passaram pelo projeto e aprenderam a tocar "no mínimo" um instrumento. "O que eu mais gosto é a aula de pandeiro", revela Wendel Acioli Pimentel, de 14 anos. Porém, para conquistar a criançada a soldado teve de vencer a desconfiança despertada pela farda. "Como os jovens são, em sua maioria, de comunidades carentes, eles estranhavam a proximidade com uma policial. Com o tempo, esqueceram que sou PM e passaram a me chamar de ?tia?." Hoje, cerca de 60 crianças frequentam as aulas, que acontecem às terças e quintas-feiras, das 14 horas às 17 horas, na base da PM no Villa-Lobos. "A ?tia? Renata é uma policial bacana. Ela só dá bronca quando bagunçamos muito. Não é brava e nem tem a cara fechada", diz Denilson Bezerra da Silva, de 11 anos, que há três meses participa do projeto. Além de vencer a resistência dos alunos, Renata enfrentou o descrédito de colegas. "Ninguém acreditava no projeto, mas ganhei pela insistência." Os interessados em participar do Criança Musical devem retirar a ficha de inscrição no local das aulas. A autorização deve ser assinada pelo responsável legal da criança e não há taxas. A única exigência é que a criança esteja matriculada na escola. "Estimulamos os estudos e a necessidade de frequentarem a escola", diz a policial. O projeto, que sobrevive de doações e do trabalho de voluntários, foi homenageado em abril pelo Instituto Sou da Paz. "É o reconhecimento de um trabalho. Ser insistente valeu a pena", diz a PM.

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