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PM da Bahia prende dois amotinados e exonera líderes

Por Agencia Estado
Atualização:

O comando da Polícia Militar exonerou nesta quarta-feira o soldado Marcos Prisco e os sargentos identificados como Dias e Donovan, dois do líderes do movimento grevista que promoveu no dia anterior um aquartelamento em três unidades da corporação. Os comandantes dos três batalhões ocupados por policiais, cuja exoneração tinha sido anunciada na terça-feira pelo governador César Borges (PFL), foram afastados oficialmente dos cargos. O clima de insatisfação tomou conta dos policiais baianos. Prisco e os sargentos foram punidos depois de passar o dia buscando negociar com o governo. Embora tenham liderado o aquartelamento, eles foram julgados e exonerados pela participação na greve de julho, que durou 13 dias. Nesta quarta, a Justiça Militar pediu a prisão de 20 líderes do motim que estão foragidos. Outros dois cabeças do aquartelamento, identificados por homens da Tropa de Choque, foram detidos por insubordinação. Os PMs pedem piso salarial de R$ 1.200,00, o que, segundo eles, era parte do acordo que levou ao fim da greve de 2001. Apesar de o Sindicato dos Policiais Civis ter anunciado uma greve na terça-feira, a Secretaria da Segurança conseguiu manter as delegacias da capital abertas - algumas delas praticamente vazias. Como medida preventiva, cerca de 500 PMs deslocados na terça de batalhões do interior trabalharam nas ruas da capital. O efetivo também vai fiscalizar, no fim de semana, o Farol Folia, prévia do carnaval de Salvador que deverá atrair pelo menos 500 mil pessoas. Motim O aquartelamento promovido no 8º e no 5º Batalhões e na 40ª Companhia foi reprimido pelo comando da PM, com a ajuda da Tropa de Choque. "A coisa se acirrou depois das punições", afirmou a deputada estadual Moema Gramacho (PT), que participa das negociações com lideranças da polícia. Ela confirmou a manutenção do "estado de greve" nos quartéis e explicou que o comando da PM excluiu e transferiu vários homens nos últimos dias. Os debates entre os líderes do movimento grevista giravam nesta quarta em torno da estratégia a ser adotada. "Estamos avaliando se suspendemos o movimento para acumular força e retomá-lo no carnaval", disse um soldado que não quis se identificar. "O que ocorreu nesta semana é apenas o começo." "O comandante da PM, Jorge Luiz Santos, está mentindo quando afirma que vem cumprindo o acordo fechado no fim da greve do ano passado, pois vários pontos não foram honrados, como o pagamento de horas extras e adicional noturno, além do novo piso salarial", acrescentou Moema. Acordo Santos garantiu que o governo está honrando o acordo. "Insisto que até o item do piso não foi descumprido, como dizem os grevistas", afirmou. Para o oficial, o aumento concedido chegou perto do valor reivindicado. "Em 2001, passou de R$ 600,00 para R$ 800,00 e em julho o salário vai chegar a R$ 900,00." Segundo o tenente-coronel Jorge Silva Ramos, assessor de comunicação da PM, os soldados rendidos após o tiroteio ocorrido no 8º Batalhão, com a invasão da Tropa de Choque, não faziam parte do movimento e acabaram sendo liberados. "Eles foram obrigados a ficar no portão do quartel, para garantir a fuga dos mentores pelos fundos do prédio", afirmou Ramos. Comerciantes do subúrbio ferroviário e da Baixa dos Sapateiros, pontos mais atacados por saqueadores na greve do ano passado, ameaçaram fechar as portas na terça, quando o boato da greve começou a circular. Mas recuaram quando souberam que a situação nos quartéis estava sob controle.

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