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PM dava cobertura a ladrão de banco

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Por Marcelo Godoy
Atualização:

No horário em que deviam patrulhar as ruas da Mooca, na zona leste de São Paulo, dois sargentos e dois soldados da Polícia Militar usaram viaturas, armas e rádios da corporação para garantir o sossego de uma quadrilha de ladrões de caixas eletrônicos. Os bandidos levaram uma hora para, usando uma serra e um programa de computador, sacar R$ 65 mil do caixa da Rua Fernando Falcão. Enquanto isso, os PMs ficaram na esquina ou dando voltas nas proximidades para garantir que outros policiais, seguranças do banco ou bandidos não incomodassem a quadrilha. Os PMs foram presos ontem e acusados de furto e formação de quadrilha. Outros quatro acusados de pertencer ao bando também acabaram detidos pelos investigadores da Delegacia de Repressão a Roubos a Bancos do Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic) - um quinto, Valdemir da Veiga, morreu. "Ele reagiu e os policiais o alvejaram", disse o delegado Ruy Ferraz Fontes, do Deic. Dois bandidos fugiram. Durante a investigação, o Deic soube que o grupo podia contar com a cobertura de PMs. Isso já havia ocorrido duas outras vezes em São Paulo, desde setembro de 2007. Naquele mês, seis soldados foram presos por furtar um caixa em Sapopemba, na zona leste. Há 40 dias, outro PM foi apanhado quando praticava o mesmo crime no Ipiranga, na zona sul. Na quarta-feira, o Deic constatou que os PMs tinham se encontrado com a quadrilha no estacionamento do Cemitério da 4ª Parada, na zona leste. Anteontem à noite, o grupo voltou a se reunir no lugar. De lá, sete ladrões foram ao caixa. Quatro entraram. Três ficaram fora, dos quais dois ficaram conversando com os PMs na esquina da rua. Os bandidos abriram o caixa com uma serra e usaram um laptop com um programa que faz o caixa expelir as cédulas. Os bandidos foram presos atrás de uma lanchonete na zona leste na madrugada de ontem. Estavam dividindo o dinheiro Ricardo Veiga Pereira, Rubens Martins Junior, Douglas da Silva e Jan Tiago Martins (o técnico responsável pelo software usado para sacar todo o dinheiro). Em seguida, os policiais detiveram os sargentos Sérgio Camilo San Miguel e Paulo Portieri Junior e os soldados Adriano Florentino dos Santos e Pedro Marques dos Reis, todos do 21º Batalhão. O soldado Reis era o que tinha menos tempo de corporação - sete anos. Os demais estavam há pelo menos 14 anos na polícia. "Eles cometeram crime militar, pois estavam em serviço", afirmou o capitão Reinaldo Zychan, da Corregedoria. Dois deles estavam no estacionamento do cemitério, ao lado de um dos carros da quadrilha.

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