Pó branco causa desmaios e mal-estar em escola

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Por Agencia Estado
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Um pó branco desconhecido causou desmaio em duas estudantes, e mal-estar, ardência nos olhos e nariz e ânsia de vômito em outros 27 alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Deputado Silva Prado, na Ponte Rasa, zona leste de São Paulo. Preocupados, outros 12 estudantes procuraram atendimento médico em hospitais da região. O incidente mobilizou o helicóptero Águia Uno e oito carros da Polícia Militar (PM), seis do Corpo de Bombeiros e um da Companhia Estadual de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb). Todos os estudantes foram atendidos nos centros médicos da zona leste e liberados em seguida. É a segunda vez em duas semanas que o colégio é perturbado por algum incidente. Na semana passada, o estabelecimento foi alvo de um morteiro, lançado da rua para dentro de uma sala de aula. Desta vez, a diretora Maria Aparecida do Santos afirmou que o pó foi trazido por alunos. A substância, ainda sem identificação, poderia ter pimenta entre seus componentes. A diretora não revelou os nomes dos alunos que teriam lançado o pó, mas garantiu já ter identificado três suspeitos. "Foi uma brincadeira inconseqüente", declarou. Ela ainda descartou a expulsão dos autores. "Vamos chamar os pais para conversar, assim que tivermos certeza de quem foi que fez isso." Segundo a coordenadora-pedagógica da escola, Eliana Maria de Jesus, o problema começou na sala 17, onde, ninguém sabe como, o pó foi dispersado. "Alguns estudantes começaram a sentir-se mal e me chamaram", relatou. "Fui até lá e também comecei a ter ardência nos olhos e nariz. Em seguida, quem estava na sala 14 começou a passar mal." Catorze alunos foram encaminhados para o Hospital Ermelino Matarazzo: oito pelo resgate dos bombeiros e seis de ambulância. "Mais tarde, vieram 12 estudantes espontaneamente" explicou o diretor clínico do Ermelino Matarazzo, Newton Hideki Nakamura. "Eles e os pais ficaram assustados e nos procuraram por precaução." Segundo Nakamura, nenhuma vítima precisou ser medicada, e somente em alguns casos foi receitado colírio. "Elas chegaram clinicamente bem", disse. "Nossa equipe apenas as examinou e retirou sangue, que será enviado ao Centro de Controle de Intoxicações do Município." Ao Hospital Waldomiro de Paula (Planalto), em Itaquera, compareceram três jovens. "Eles ficaram entre 14h30 e 15 horas em observação e fizeram inalação", explicou o médico Roberto Watanabe, diretor-técnico do hospital. Outros cinco alunos deram entrada no Hospital da Vila Nhocuné. Todos foram liberados no meio da tarde, depois de passarem por inalação ou tomarem remédios para dor de cabeça. Entre os atendidos no Ermelino Matarazzo estava Ariane Nuniz da Silva, de 15 anos, que cursa o 1º ano do ensino médio. Ela começou a sentir coceira e ardência no nariz, quando conversava com colegas. "Aí, fui para a sala de aula e me senti mal", disse. Encaminhada à diretoria, seguiu posteriormente para o refeitório. "Foi nesse local que eu desmaiei. Acordei, uns 10 minutos depois no carro do resgate." Sua colega Amanda das Neves Moreira não desmaiou, mas também se sentiu mal e precisou ser atendida no mesmo hospital. "Eu estava na sala 17, onde tudo começou", explicou. "De repente comecei a sentir coceira e ardência no nariz e nos olhos." Tudo terminou bem para Amanda, mas a mãe levou um susto. "Entrei em pânico quando soube do que estava acontecendo e corri para a escola", disse. "Mas agora está tudo bem." O Instituto Adolfo Lutz de São Paulo, recebeu uma amostra do pó branco encontrado na Escola Estadual Deputado Silva Prado, na zona leste, e deve divulgar um laudo até segunda-feira. Técnicos farão um exame bacteriológico, para identificar possíveis traços de antraz. Outras suposições iniciais: gás pimenta ou pó-de-mico. No caso do antraz, trata-se de procedimento padrão adotado pelo instituto, quando a substância desconhecida é um pó branco. Entre 15 de outubro e 21 de novembro, um mês após o atentado no World Trade Center (WTC), o Adolfo Lutz recebeu 666 notificações de envelopes ou pacotes com suspeita de contaminação por antraz. Foram analisadas 741 amostras. Todas deram resultado negativo. O frasco com o resto de pó foi achado no pátio da escola pela coordenadora pedagógica Eliana Maria de Jesus. Ela recolheu o material e entregou-o aos policiais e bombeiros que atenderam o chamado. Os oficiais encaminharam o conteúdo para o Hospital Ermelino Matarazzo. Em seguida, a substância seguiu para o Adolfo Lutz. Técnicos da Companhia Estadual de Tecnologia de Saneamento Ambiental de São Paulo (Cetesb) fizeram uma análise fotoionizada no local. Após o monitoramento dos vapores orgânicos nas salas onde os jovens passaram mal e no pátio, também se constatou que não houve contaminação do ar. O biólogo Carlos Ferreira Lopes, do Setor de Operações de Emergência da Cetesb, levou para o local um aparelho chamado fotoionizador, que detecta a presença de compostos orgânicos no ambiente. Ele disse que "nada foi detectado." Outras suspeitas levantadas por médicos que atenderam os jovens é que se trata de gás pimenta ou de pó-de-mico. A última hipótese foi sugerida por um dos pacientes do Hospital Waldomiro de Paula, conhecido como Planalto, em Itaquera. A Secretaria de Estado da Educação informou, em nota oficial, que a Diretoria de Ensino Leste 1 encaminhou um supervisor à escola para contatar as famílias dos alunos. As aulas dos períodos da tarde e da noite foram suspensas, para que o Corpo de Bombeiros realizasse a limpeza do local.

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