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Poderia ter sido mais tranqüilo com grooving, diz TAM

Presidente da aérea, porém, reiterou que só a investigação trará qual a participação de cada um dos fatores

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Por Redação
Atualização:

O presidente da TAM, Marco Antonio Bologna, afirmou em depoimento prestado nesta quinta-feira, 2, à CPI da Câmara que investiga a crise no setor aéreo que, se houvesse o grooving na pista de Congonhas no dia do acidente com o vôo 3054, "poderíamos ter uma situação mais tranqüila". Veja também: Caixa-preta aponta que piloto não conseguiu desacelerar Airbus CPI quer inquérito sobre vazamento de dados da caixa-pretaQuem são as vítimas do vôo 3054 Cronologia da crise aérea Vídeos do acidente Tudo sobre o acidente do vôo 3054 Apesar disso, ele acrescentou que "é difícil colocar isso antecipadamente" e acrescentou que somente a investigação vai trazer "qual a participação de cada um dos fatores" no acidente. Sobre as condições do Airbus A320, afirmou: "O avião poderia operar com até os dois reversos pinados. Ele estava absolutamente dentro das condições". O presidente da TAM também foi questionado na CPI sobre a manutenção feita na aeronave em Campo Grande e se "o conjunto de sinais não levariam a ter uma conduta preventiva de retirar a aeronave de circulação até uma manutenção mais pesada". Bologna defendeu-se respondendo que "a aeronave fez manutenção longa no final de 2006". "A outra [manutenção] seria depois. O sensor de trem de pouso (que acusou necessidade de reparo), foi sanado no local. Isso está dentro da política. Isso ocorre em vários aviões que estão voando." Ele acrescentou que a idade média da frota da TAM é de 5 e 6 anos, considerada jovem pelos padrões internacionais. Sobre as condições de pouso, Bologna disse que o avião estava em condições de descer em uma pista de no mínimo 1.350 metros (a pista de Congonhas tem 1.940 metros, mais do que o suficiente) e que o peso do avião, de 62,7 toneladas, estava abaixo do limite de 64,5 toneladas. Questionado sobre os pilotos do avião da TAM que se acidentou no último dia 17, matando 199 pessoas, Bologna informou que ambos passaram pelos treinamentos exigidos para comandar o Airbus e que o piloto, Kleyber Lima, era qualificado e estava em processo de promoção para operar vôos internacionais. Lucro O executivo foi novamente questionado sobre a otimização ao máximo das aeronaves, por conta do aumento da demanda. "Nós trabalhamos com aviões reservas. Se [o Airbus] não pudesse seguir vôo, ele poderia ser substituído por aviões de cobertura", respondeu. Impactos O impacto das mudanças na infra-estrutura aérea para os passageiros e o remanejamento dos vôos internacionais para o Aeroporto Tom Jobim também foram questionados. "Quanto a preços, é prematuro falar diante das discussões, se isso vai refletir em aumento significativo de custos", disse. "Quanto ao Tom Jobim, é uma prioridade para a TAM. Colocamos mais 18 vôos diários, para a Argentina. Lá é uma tendência natural, assim como o aeroporto de Confins", disse Bologna." Durante a sessão da CPI, o presidente da aérea ainda disse que existe uma baixa rotatividade dos funcionários da TAM e um baixo índice de horas extras. Suspensão de vôos Questionado sobre o aumento na freqüente de suspensão de vôos, o presidente da TAM afirmou que eles estão apenas sendo mais divulgados. "Todos os eventos estão sendo mais aflorados", disse. Anac e multas Em seu depoimento, o presidente da TAM foi questionado sobre a relação da TAM com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), e mais especificamente com o governo e partidos políticos. "Podemos transportar qualquer entidade. Nós já tivemos com o PT e com o PSDB. Não há dívida pendente. Houve renegociação com o PT e [a dívida foi] integralmente quitada", disse Bologna. Em seguida, foi questionado sobre a atuação da Anac e se a agência tem competência para investigar uma empresa como a TAM. "O corpo técnico é do DAC, portanto eu considero que ela tem total capacidade de fiscalização", afirmou o executivo, que também foi questionado sobre a recuperação dos manetes de vôo no local do acidente, o que foi negado pelo presidente da TAM. "Não tenho a confirmação", disse. Bologna falou novamente sobre as medidas restritivas da Conac sobre Congonhas: "Acho que é uma medida pragmática, não é problema de demanda, é de oferta", disse, afirmando ainda que a TAM é a empresa aérea que mais utiliza o Aeroporto de Congonhas, seguida da Gol. O executivo foi questionado sobre multas impostas à TAM, ao que o presidente listou que, desde 2006, a empresa recebeu um total de 146 multas, 37 canceladas, 45 pagas, 16 a vencer, 30 em recursos e 18 em recurso superior, totalizando R$ 39 mil pagos até o momento. Redistribuição Para Bologna, a redistribuição de vôos em Congonhas foi uma medida correta para ajudar a superar a crise aérea. O executivo afirmou ainda ser correta a determinação do governo de se reunir com mais freqüência com empresas do setor aéreo. "São medidas corretas. Isso [as mudanças] requer uma série de revisões do modelo." O executivo disse ainda que a empresa registrou queda no movimento de passageiros. "Após o acidente registramos outros fatores. Com certeza, já sentimos queda na venda, estamos com uma queda próxima dos 30% das vendas", disse. Questionado sobre se as mudanças como transferências de vôos para outros aeroportos impactariam nos preços de passagens, ele afirmou que a empresa está evitando repassar os ônus aos clientes. "São medidas em função dos problemas de infra-estrutura, são acertadas, os impactos são muito prematuros, gostaríamos que não houvesse impacto no preço", disse. Indenizações Bologna também assegurou que a apólice de seguros da empresa é ampla o suficiente para cobrir os valores com indenizações a serem pagas às famílias das vítimas do acidente. "A apólice é ampla e suficiente para cobrir os danos. Temos até US$ 1,5 bilhão de dólares, o que basta para cobrir os danos materiais e morais", disse Bologna. O executivo também afirmou que a empresa vai dispor de toda a infra-estrutura necessária para dar a devida atenção aos parentes das vítimas, desde a assistência direta por meio do telefone 0800 da companhia até o envolvimento de consultores especializados (de uma empresa norte-americana), que darão apoio jurídico no reconhecimento dos corpos e na liberação de documentos, suporte psicológico e na homenagem às vítimas. A empresa também enviou carta para as vítimas com resumo do atendimento.

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