
03 de março de 2011 | 00h00
A eclosão do caso Emir Sader encobre um problema maior e de mais difícil resolução: Ana enfrenta resistências dentro do PT e seus aliados na área cultural, o PC do B e o PV. Ao definir a questão da propriedade intelectual como uma discussão de fundo privado, desagradou de A a Z dentro do espectro da economia criativa. Dos moderados , como o antropólogo Hermano Vianna e o professor e músico José Miguel Wisnik, aos radicais, como o sociólogo Sergio Amadeu e o professor Ronaldo Lemos, da FGV, todos acham que falta estofo teórico ao MinC para conduzir a questão.
Ana ainda perde gradativamente os aliados da área cultural no Congresso. De Manuela D`Ávila (PC do B) a Angelo Vanhoni (PT), passando por gente da oposição, todos tem dado demonstração de ceticismo quanto às capacidades da ministra em contornar situações difíceis.
A ministra ainda não fez nenhuma reunião com a classe artística e se conduz dentro de uma rotina de gabinete, fugindo eventual para fazer "incertas" entre a população, como no recente caso das enchentes. Até agora, nem um artigo seu saiu em jornais, defendendo suas posições, e sua única entrevista foi vaga.
Mesmo seus colaboradores mais próximos não vêm a público fazer sua defesa. A ministra agarra-se a aliados cuja militância cultural é esporádica, como Caetano Veloso, ou cuja atuação parece próxima do lobbismo. Chegou a postar no site do MinC, na semana passada, trecho de artigo em que um articulista chamava o Creative Commons, com quem Ana duela na questão dos direitos autorais, de "organização laranja".
No episódio Sader, exigiu que ele se retratasse com Caetano, a quem o sociólogo acusou de conservador e egoísta. Sader negou, o que parece ter levado ao desligamento. Acabou sendo o diretor que não chegou a assumir.
Restrição
R$ 760 milhões
é o corte determinado pelo governo ao Ministério da Cultura
R$ 526 milhões
são recursos que sairiam do orçamento federal
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.