Polícia apura ação do Hezbollah na morte de libaneses

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Por Agencia Estado
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A polícia de São Paulo investiga a informação do site da Fundação Libanesa pela Paz, segundo o qual a organização Hezbollah, do sul do Líbano, é a responsável pelo assassinato do empresário libanês Mikhael Youssef Nassar, de 39 anos, que atuava no ramo da construção civil, e de sua mulher, Marie Noel Mimassi Nassar, de 29. O casal foi morto na noite de quinta-feira, em um posto de gasolina no Itaim-Bibi, zona sul da cidade. Eles foram atingidos quando trocavam o pneu da Pajero, furado ao passarem por uma armadilha feita com pregos no fim do túnel da Avenida Juscelino Kubitschek. De acordo com o jornal libanês Daily Star, fontes do Exército libanês informaram que Nassar vivia em São Paulo desde 1997, quando deixou o país depois de intimações da Justiça para depor sobre a origem de sua fortuna. Ainda segundo essas fontes citadas pelo jornal, Nassar estava envolvido na venda de armas para as milícias dos Balcãs no início dos anos 90. Ele seria o homem de ligação entre o grupo que fornecia o armamento e o que fazia a entrega e teria ficado com uma parte maior do dinheiro que lhe cabia. Sua fortuna, segundo essas fontes, era de US$ 100 milhões. Depois de enviar armas de Chipre para a Europa durante vários anos, dizem as fontes, Nassar voltou para o Líbano em meados dos anos 90 e decidiu concorrer às eleições parlamentares. Nascido em Kfar Qatra, o empresário, conhecido como Mike, participou de atividades filantrópicas na região, mas não conseguiu se eleger. Por isso, e por causa das investigações na Justiça, saiu do país com a família. O embaixador do Líbano no Brasil, Ishaya Khoury, informou ao jornal que o casal Nassar tinha duas filhas, de 6 e 3 anos. De acordo com o site da entidade Fundação Libanesa pela Paz, Nassar fornecia armas para o Exército do Sul do Líbano (SLA, na sigla em inglês). O empresário é sobrinho do general Antoine Lah´d, líder do SLA, milícia cristã que auxiliou o Exército de Israel durante a ocupação do sul do país. Nassar também trabalhou com Elie Hobaica, um dos chefes das forças cristãs da guerra civil no país (1975-90). Hobaica foi assassinado há um mês e meio no Líbano. Ele era testemunha-chave contra o primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, num processo aberto na Bélgica, em que Sharon é apontado como um dos responsáveis pelos massacres nos campos de refugiados palestinos de Sabra e Chatila, em 1982. Segundo a polícia paulistana, depois de passar pela armadilha com pregos, o empresário ligou pelo celular para um dos funcionários. Foi orientado a só parar para trocar o pneu quando chegasse a um posto bastante iluminado. Minutos depois, o funcionário do libanês - que seria motorista da família - ligou para o patrão. A mulher de Nassar atendeu e disse que os dois estavam bem, apesar do episódio. Após alguns instantes de conversa, no entanto, Marie ficou calada e o funcionário ouviu disparos. Ele já prestou depoimento aos policiais do 15º Distrito Policial, Hamilton Rocha Benfica, que investigam o caso. O assassino estava escondido no posto. Usava máscara e uma pistola calibre 7.65. Fugiu num Gol cinza-chumbo.

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