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Polícia conclui inquérito sobre morte de Toninho do PT

Por Agencia Estado
Atualização:

A Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de São Paulo, encaminhou hoje ao Fórum de Campinas a conclusão do inquérito sobre a morte do prefeito Antonio da Costa Santos, o Toninho do PT, que completa oito meses na sexta-feira. No relatório, o delegado Luiz Fernando Teixeira Lopes, que preside o inquérito desde dezembro, acusa como autores do crime o seqüestrador Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, seus comparsas Anderson José Bastos, o Anso, responsável pelo disparo que matou o prefeito, Valmir Conte, o Valmirzinho, e Valdecir Souza Moura, o Fiinho. O delegado acredita em crime banal. Segundo ele, os bandidos mataram Santos porque ele atrapalhou a fuga do bando, que havia tentado seqüestrar um homem alguns minutos antes. Andinho negou ter participado do assassinato e acusou outro comparsa, Cristiano Nascimento de Faria, que devolveu a acusação. Dos quatro acusados pelo DHPP, apenas Andinho está vivo. Anso e Walmirzinho foram mortos por policiais de Campinas em outubro do ano passado, em Caraguatatuba. O caso está sendo investigado pela Corregedoria da Polícia Civil por suspeitas de execução. Fiinho também morreu em confronto com policiais, durante a prisão de Andinho, em fevereiro, em Itu. Lopes não falou sobre o caso, alegando que prestaria todos os esclarecimentos em entrevista coletiva amanhã à tarde, em São Paulo. O promotor criminal do Ministério Público Estadual de Campinas, Fernando Pereira Viana Neto, explicou que o inquérito deverá ser encaminhado à Promotoria amanhã para ser analisado. Os promotores têm 15 dias para analisar as conclusões e decidir se arquivam o processo, acatam a denúncia para dar início ao julgamento ou pedem novas diligências ao delegado. Viana Neto comentou que a Promotoria fará uma "análise meticulosa do inquérito sob o ponto de vista jurídico". Mas não duvida da autoria do crime apresentada por Lopes. "É isso mesmo", resumiu. Os promotores acompanharam as investigações da polícia desde o início do caso, quando ele ainda era presidido pelo então delegado de Homicídios da cidade, José Roberto Micherino de Andrade, sob supervisão do então seccional Osmar Porcelli. O promotor contou que os três mortos são citados no relatório, sob "punibilidade extinta". Andinho acabará sendo o único acusado, se a denúncia for acatada pela Promotoria. Viana Neto afirmou que há provas, a partir da comparação com outros processos criminais, de que Anso foi o autor dos disparos. Ele acrescentou que o inquérito "apresenta provas contundentes", periciais e testemunhais, que justificam a denúncia contra a quadrilha de Andinho. O promotor enfatizou que a condenação ainda depende de a denúncia ser acatada e do julgamento. Mas entendeu que o inquérito apresenta "fortes elementos" para a condenação de Andinho. Opositores A conclusão do inquérito encontra opositores resistentes em Campinas, principalmente a prefeita Izalene Tiene (PT), que substituiu Toninho no cargo, e a viúva Roseana Garcia. Roseana apelou hoje para que o MP "olhe com mais cautela o inquérito". Ela não discorda da autoria. "Há uma alta probabilidade de o crime ter sido cometido pela quadrilha de Andinho", disse. Mas a viúva discorda da motivação e não acredita em crime banal. "Muitas coisas não foram esclarecidas", apontou. Citou, entre outros, o fato de que a quadrilha tinha dois automóveis Vectra prata, mas apenas um foi investigado, questionou porque os bandidos atiraram em seu marido, quando havia pelo menos outros oito carros na rota de fuga e comentou que Andinho teria um álibi para a noite do crime. "Crime organizado não mata por acaso", sustentou. "Meu marido dizia que o Ministério Público era uma instituição confiável. Por confiar nele, apresentou ações contra um ex-prefeito, vários ex- governadores e empreiteiras acusadas de superfaturamento. Recentemente, encaminhou ao MP uma auditoria sobre a dívida pública de Campinas. Espero que os promotores levem em consideração a história dele e não aceitem as provas frágeis do inquérito", apelou. Viana Neto argumentou que o Ministério não vai se influenciar por "pressões políticas" e que não há fundamentos no inquérito para investigar crime político. Ele acrescentou que as investigações nesse sentido poderão ser retomadas a qualquer momento se surgirem denúncias de mandantes.

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