Polícia controla apenas uma das três rebeliões de presos em São Paulo

Polícia Militar retomou a Penitenciária-1 de Mirandópolis. Em Araraquara e Itirapina, os presos continuavam rebelados no fim da noite desta sexta-feira

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Por Agencia Estado
Atualização:

Em meia hora, 4.119 presos de três penitenciárias se amotinaram nesta sexta-feira no Estado de São Paulo, em mais uma ação de integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC). Os criminosos destruíram parte das três unidades, fizeram 19 funcionários reféns e mataram um preso. Outras seis pessoas ficaram feridas, incluindo dois agentes. A Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) reagiu e determinou que a Polícia Militar retomasse um dos presídios, a Penitenciária-1 (P1) de Mirandópolis - em uma operação concluída às 18 horas com um agente ferido. Em Araraquara e Itirapina, os presos continuavam rebelados no fim da noite desta sexta-feira. ?Não tinha como ficar de braços cruzados, vendo os presos quebrar tudo. Eles não tinham reivindicação nenhuma. Daí pedi e a PM entrou e resolveu?, afirmou o secretário Antônio Ferreira Pinto sobre a intervenção em Mirandópolis. A falta de reivindicações também foi apontada pelo secretário como uma característica comum aos dois outros levantes: o dos presos das penitenciárias de Araraquara e de Itirapina. ?Eles dizem que são contra a opressão carcerária, mas não apresentam nada de concreto. A SAP não admite, mas presos confirmam que os motins ocorrem em solidariedade a Marcos William Herbas Camacho, o Marcola, líder da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital). Ele foi responsabilizado pelas mortes ocorridas durante os atentados e homicídios de policiais e outros, comandados dentro do presídio no mês passado. Os integrantes da facção criminosa temem que seus chefes sejam transferidos para a penitenciária federal que será inaugurada em Catanduvas, no Paraná, ainda neste mês. Celulares Um diretor de presídio informou que os amotinados em Araraquara exigiram que quatro celulares fossem entregues ao líderes do PCC em Presidente Venceslau, para que eles negociassem o fim da revolta. A SAP não confirmou a informação. As negociações com os presos ainda rebelados foram interrompidas ao anoitecer e devem recomeçar hoje. A movimentação nos presídios começou às 13 horas. Em meia hora, as três unidades estavam amotinadas. Os detentos começaram a quebrar as celas e até as paredes na P-1 de Mirandópolis. Haviam feito seis reféns. Às 17 horas, a SAP determinou a intervenção da Tropa de Choque da PM, que pôs fim à rebelião - o último refém solto ficou ferido depois de ser usado como escudo pelos presos, contra as balas de borracha da PM. Em Itirapina, os amotinados mataram um preso e feriram outros três detentos. A SAP suspeita que a morte tenha ocorrido em um acerto de contas entre os detentos. Os rebelados destruíram parte das celas e fizeram três agentes reféns. Apesar de não haver informações sobre mortos ou feridos, a situação em Araraquara era considerada muito tensa pela secretaria. Ali os bandidos tomaram dez reféns e amarraram um deles em um colchão, ameaçando atear fogo, caso a PM invadisse. A SAP informou que a polícia entrou no presídio, mas apenas para proteger o prédio da administração, que fica no interior da muralha. Com a entrada da Tropa de Choque, foram ouvidos tiros no interior das muralhas. Um agente penitenciário e um preso ficaram feridos. O detento ferido caiu do telhado e o agente Odair José Manzini machucou a perna e foi liberado para ser medicado. Os presos subiram na torre da caixa-d?água da prisão e acenavam para os parentes do lado de fora da muralha. No começo da noite, foram ouvidos três tiros dentro do presídio. A penitenciária de Araraquara tem capacidade para 858 presos, mas abriga 1.553. Em Itirapina, estão 1.363 presos em 852 vagas e em Mirandópolis, 1.203 detentos em 804 vagas. Vila Velha A rebelião na Casa da Passagem de Vila Velha, no Espírito Santo, entrou no terceiro dia ontem. Os presos ameaçaram jogar um detento do alto do edifício e dependuraram um dos reféns de cabeça para baixo. Voltaram a atear fogo no prédio. O governo do Estado descarta a invasão da prisão pela polícia porque há, pelo menos, uma pistola com os rebelados. Os presos condicionam o fim da rebelião ao cumprimento de várias exigências. A principal delas era a transferência, para o sistema estadual, de cinco traficantes que estão na carceragem da Polícia Federal, em Vitória. Um deles, José Antônio Marim, ordenou, de dentro de um presídio de segurança máxima, o assassinato de um casal. Desde a tarde de quarta-feira, quando foi iniciado o motim, um detento morreu asfixiado e outros quatro ficaram feridos ao pularem do prédio. Segundo a Secretaria de Estado da Justiça, o movimento não tem uma liderança específica, o que tem dificultado as negociações. Esta matéria foi alterada no dia 17/6/2006, às 10h47

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