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Polícia faz mapa da violência em SP

Na comparação com 2000 e 2001, um estudo da Ouvidoria da Polícia confirma que a violência por parte de criminosos e policiais cresceu este ano. A região leste tem o maior número de ocorrências envolvendo as polícias Civil e Militar. Já a região oeste apresenta o maior índice de furtos e roubos de carro

Por Agencia Estado
Atualização:

As zonas sul e leste da capital tiveram aumento de criminalidade, comparando oa snos de 2000 e 2001. Na zona sul, Jardim Ângela, Cidade Ademar, Jardim São Luís e Capão Redondo são os bairros mais violentos com mais homicídios, roubos e furtos. A região leste tem o maior número de ocorrências envolvendo violência praticada por policiais civis e militares. E a zona oeste ostenta o maior índice de furtos e roubos de veículos da capital. Os números da violência dos criminosos e da polícia, em cada região da cidade, foram divulgados pela Ouvidoria da Polícia, que analisou as zonas norte, sul, leste, oeste e centro. No ano passado, dos homicídios praticados pelos policiais na capital, 34% ocorreram na zona leste, 32% na sul, 19% na norte, 11% na oeste e 4% na região central. O ouvidor Fermino Fecchio disse estar preocupado com o aumento do número de mortes. "A violência da polícia em 2000 foi exagerada. Em 2001 diminuiu, mas este ano o crime volta a preocupar", declarou. As Corregedorias das Polícias Civil e Militar informaram que as queixas encaminhadas pela Ouvidoria e pelo Disque-Denúncia são apuradas e os resultados comunicados ao ouvidor. Roberto Maurício Genofre, corregedor da Polícia Civil, explicou que a região leste apresenta o maior número de casos envolvendo policiais por causa da área. "São três seccionais e o volume de trabalho é grande. Posso garantir que nada fica sem apuração e sem punição quando existe a comprovação." A Corregedoria da Polícia Militar informou que não deixa nenhuma denúncia "sem resposta." O ouvidor discorda. "Em janeiro de 1999, encaminhei denúncia contra um sargento e dois soldados que se diziam ?rambos de São Vicente? acusados de arbitrariedades e de adulterarem provas." Segundo ele, o 39.º Batalhão Militar do interior concluiu, na ocasião, que os PMs denunciados tinham agido no "estrito cumprimento do dever, não cabendo ao comandante nenhuma medida disciplinar". Em setembro de 2001 um grupo encapuzado matou cinco pessoas num bar em Praia Grande. "O mesmo sargento apontado pela Ouvidoria foi um dos acusados pela chacina. Se autoridade superior tivesse agido com responsabilidade, punindo os maus policiais e coibindo o comportamento ilegal de seus subordinados, provavelmente não estaríamos lamentando a execução de inocentes", disse Fecchio. O ouvidor acredita que o aumento da violência na zona leste da capital se dá pelo volume de ocorrências atendidas pela polícia, o número de favelas e ao "empobrecimento" da população. Para ele, antes a pobreza e as favelas estavam mais presentes na zona sul. A boa situação de municípios como São Caetano e Santo André não permitiam o avanço rápido da pobreza para a capital, afirmou. "A maioria trabalhava e tinha emprego com carteira assinada. Hoje tudo mudou. Com a mudança, a violência se acentuou", disse Fecchio. A análise feita pela Ouvidoria, na zona leste, mostrou que a região tem o maior índice de violência policial apesar da área territorial ser menor que a zona sul. A pesquisa sobre o uso da violência por policiais do Estado entre 1999 e 2000 indicou que a região leste também ficou em primeiro luar no número de mortes.

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